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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

CEO da Web Summit deixa cargo após declaração sobre guerra Israel-Hamas

Decisão vem depois de grandes marcas, como Google e Meta, cancelarem participação no evento; festival, que é o maior de tecnologia da Europa, acontece em novembro em Lisboa

Paddy Cosgrave, CEO e cofundador do Web Summit, renunciou após comentários sobre guerra Israel-HamasPaddy Cosgrave, CEO e cofundador do Web Summit, renunciou após comentários sobre guerra Israel-Hamas - Foto: Web Summit/Divulgação

Paddy Cosgrave renunciou ao cargo de CEO do Web Summit, maior evento de tecnologia e inovação da Europa, depois de comentários que fez sobre a guerra entre Israel e o Hamas. As declarações de Cosgrave geraram reação de grandes marcas, como Meta e Alphabet, que desistiram de participar do festival.

O Web Summit deve nomear um novo CEO o "mais rapidamente possível" e o evento, que terá início no dia 13 de novembro, em Lisboa, irá acontecer conforme o planejado, afirmaram os organizadores do evento em um comunicado enviado por e-mail, neste sábado.

“Infelizmente, meus comentários pessoais se tornaram uma distração do evento e de nossa equipe, de nossos patrocinadores, de nossas startups e das pessoas que participam”, disse Cosgrave no comunicado. “Peço sinceras desculpas novamente por qualquer dano que causei.”

Na última segunda-feira, Cosgrave publicou uma mensagem no X, antigo Twitter, que dizia que “crimes de guerra são crimes de guerra mesmo quando cometidos por aliados”, em referência à resposta de Israel aos ataques do Hamas. Os comentários causaram reação negativa de vários investidores de risco e fundadores do setor de tecnologia.

Debandada de empresas e investidores
Dias depois, Cosgrave postou um pedido de desculpas no blog do Web Summit e disse que lamentava por ter causado “profunda dor” pelo momento e conteúdo de sua declaração. O pedido de desculpas não foi suficiente para impedir o início de uma campanha que pedia que palestrantes e patrocinadores desistissem de participar do festival. No ano passado, a edição de Lisboa reuniu 70 mil participantes.

Além da Meta e do Google, da Alphabet, Amazon, Intel, Siemens, Stripe, e uma série de investidores do setor de tecnologia cancelaram o comparecimento ao evento. Um grupo de investidores israelenses emitiu uma declaração conjunta pedindo boicote ao Web Summit, de acordo com reportagem do site de notícias israelense Calcalist.

Ainda assim, a demissão foi uma surpresa depois. Na semana, Cosgrave havia indicado que permaneceria no cargo. Ele garantiu aos funcionários que o evento tinha dinheiro suficiente para continuar por pelo menos dois anos, de acordo com uma reportagem do jornal irlandês Business Post, citando funcionários do Web Summit.

Evento já protagonizou polêmicas antes
Irlandês, Cosgrave fundou o Web Summit em Dublin, em 2009, com David Kelly e Daire Hickey antes de transferir a conferência para Portugal, em 2016. Ao longo dos anos, o evento se tornou uma marca global, com edições no Oriente Médio, Oceania e América Latina. A primeira edição latino-americana aconteceu no Rio de Janeiro, no ano passado.

Embora o evento tenha se tornado o maior encontro de tecnologia da Europa e atraído empresas de tecnologia, investidores e celebridades de todo o mundo, essa não é a primeira vez que o empresário protagonizou polêmicas.

No ano passado, o festival foi forçado a cancelar convites para palestrantes do Grayzone, depois de reações contrárias às narrativas anti-governo ucraniano do site. Desde o início da invasão russa, o Grayzone vinha publicando uma série de postagens que acusavam altos funcionários do governo ucraniano de simpatia pelo nazismo.

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