CES 2025: Conheça a brasileira que vai apresentar sua invenção na maior feira de tecnologia do mundo
Maria Julia Guimarães foi uma das dez selecionadas entre grupos sub-representados. Ela criou tecnologia que usa IA em luva com sensores e aquecimento para portadores de síndrome
Quando a brasileira Maria Julia Guimarães decidiu se mudar do Rio de Janeiro para Montreal, no Canadá, jamais poderia imaginar que seria diagnosticada com a síndrome de Raynaud, uma doença arterial que provoca uma redução temporária na circulação sanguínea nas extremidades do corpo. Formada em arquitetura e design gráfico, decidiu aproveitar sua paixão pela tecnologia para combater os sintomas, já que não há medicamento para o distúrbio.
Foi com essa ideia que ela criou a Libero, uma luva com sensores e aquecimento, principal aposta da startup que fundou, a Totum Tech. Agora, a brasileira foi uma das dez selecionadas pela CES, a maior feira de eletroeletrônicos do mundo, que acontece esta semana em Las Vegas, para participar do evento dentro da iniciativa chamada "Innovation for All" (Inovação para todos, em inglês), com foco em grupos sub-representados no mundo da tecnologia, como as empresas lideradas por mulheres, LGBTQIA+ e minorias étnicas.A
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— Quando me mudei em 2009 para o Canadá, estudei Artes Digitais na Universidade Concordia, em Montreal. Nesse programa, tive contato com roupas e tecidos inteligentes. E me apaixonei. A ideia da Libero nasceu de uma necessidade pessoal, pois sou diagnosticada com a síndrome de Raynaud. Eu já devia tê-la enquanto morava no Brasil, mas como sou do Rio, uma cidade muito quente, a doença não se manifestava praticamente. Foi somente quando me mudei para o Canadá que ela apareceu de forma completa. A síndrome causa muita dor nas mãos, atrapalhando minhas atividades. E me dei essa missão.
Fundada em 2018, a startup foi, ao longo dos anos, descobrindo quais sensores e sinais vitais seriam importantes para a detecção das crises de Raynaud. Com isso, Maria Julia lembra que passou a melhorar a ergonomia da luva, além de aperfeiçoar o aplicativo e integrar algoritmos de inteligência artificial (IA) para a personalização dos cuidados de cada usuário.
— Em 2023, entramos na reta final de nossa pesquisa e desenvolvimento, preparando nosso produto beta (de testes), que ficou pronto em outubro do ano passado. A ideia passou a ajudar também outras pessoas que passam pela mesma situação. Estar na CES este ano é especial, já que o tema da feira é a acessibilidade.
Ela explica que a luva se conecta ao aplicativo via Bluetooth. Os algoritmos de IA rodam na luva e não no telefone, consumindo menos dados e evitando problemas caso a conexão seja perdida, explica Maria Julia.
— No aplicativo, os pacientes poderão verificar informações como seus sinais vitais, notificações de ativação do calor e também ativar e desativar manualmente o calor, caso prefiram. Futuramente, vamos criar uma comunidade de pacientes e profissionais de saúde para trocas de informações e apoio mútuo.
Para este ano, Maria Julia diz que o objetivo da startup, formada por seis pessoas, das quais quatro mulheres, é o lançamento comercial da Libero.
— Vamos nos preparar para transferir a tecnologia para outros tipos de vestimentas, como meias e gorros. Planejamos também aumentar a equipe, para desenvolvermos mais rapidamente. (*O repórter viajou a convite da Samsung)