ChatGPT é alvo de investigação nos EUA por possíveis danos ao consumidor
Comissão Federal de Comércio americana pede que a OpenAI explique como retém e usa dados dos usuários e como obtém informações para treinar seus modelos de linguagem
A Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (Federal Trade Commission, FTC, em inglês) está investigando a OpenAI, fabricante do bot de inteligência artificial ChatGPT, para verificar se a empresa violou as leis de proteção ao consumidor, informa o jornal The Washington Post.
A demanda de investigação civil (CID) apresentada pela FTC, de 20 páginas, pede que a OpenAI explique como retém e usa as informações do consumidor e como obtém informações para treinar seus grandes modelos de linguagem. O documento também questiona como a OpenAI avalia o risco em LLMs e como a empresa monitora e lida com declarações enganosas ou depreciativas sobre as pessoas.
No documento, a comissão de comércio indica que a investigação se concentrará em saber se a OpenAI “se envolveu em práticas injustas ou enganosas de privacidade ou segurança de dados” ou “se envolveu em práticas injustas ou enganosas relacionadas a riscos de danos aos consumidores, incluindo danos à reputação, em violação de Seção 5 da Lei da FTC.”
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A presidente da FTC, Lina Khan, que está testemunhando perante o Congresso nesta quinta-feira, levantou preocupações sobre a IA, dizendo que os aplicadores "precisam estar vigilantes desde o início às tecnologias de próxima geração”, como a inteligência artificial.
Assunto sob escrutínio
A IA se tornou um assunto polêmico em Washington, com os legisladores tentando entender se novas leis são necessárias para proteger a propriedade intelectual e os dados do consumidor na era da IA generativa. A FTC e outras agências enfatizaram que já têm autoridade legal para investigar os danos criados pela IA.
O Washington Post lembra que investigação da FTC sobre o ChatGPT ocorre no momento em que até mesmo CEOs de empresas de tecnologia pedem que os desenvolvedores parem de liberar ferramentas de IA para o público, alertando que a poderosa tecnologia pode prejudicar a humanidade.
Em uma audiência realizada em maio, o CEO da OpenAI, Sam Altman, disse que o Congresso deveria criar padrões de segurança robustos para os sistemas avançados de IA.
Já o bilionário Elon Musk, proprietário do Twitter, também tem sido uma das vozes mais altas a alertar sobre as possíveis consequências da integração da IA. No entanto, três meses depois de assinar carta pedindo pausa nos treinamentos em sistemas com a tecnologia, Musk lançou a xAI, nova empresa focada em inteligência artificial.
Em março, um importante grupo de ética tecnológica apresentou uma reclamação pedindo que a FTC interrompesse a implantação comercial da tecnologia que alimenta o ChatGPT. A reclamação do Center for Artificial Intelligence and Digital Policy, que é liderado pelo defensor da privacidade de longa data Marc Rotenberg, pediu à FTC que abrisse a investigação e "garantisse o estabelecimento das proteções necessárias para proteger os consumidores, as empresas e o mercado comercial".
Procuradas, Microsoft, OpenAi e FTC se recusaram a comentar.