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China cria fundo de R$ 250 bilhões em subsídios para a produção nacional de chips

Fundo visa fortalecer a indústria doméstica de semicondutores em meio a restrições dos EUA

Semicondutores  Semicondutores  - Foto: Pixabay

A China criou o maior fundo de investimento em semicondutores do país para impulsionar o desenvolvimento da indústria doméstica de chips.

A terceira fase do Fundo Nacional de Investimento na Indústria de Circuitos Integrados acumulou 344 bilhões de yuans (US$ 47,5 bilhões ou cerca de R$ 250 bilhões) vindos do governo e de vários bancos e empresas estatais, incluindo o Banco da Indústria e Comércio da China, informou a Tianyancha, uma plataforma online que agrega informações oficiais de registros de empresas. O fundo foi constituído na última sexta-feira, 24 de maio.

Este é o mais recente esforço de Pequim para alcançar a independência na indústria, enquanto os Estados Unidos trabalham para restringir o crescimento do setor chinês.

O mais recente montante de investimento, conhecido como Big Fund III, destaca um novo impulso do governo de Xi Jinping para construir sua própria indústria de semicondutores, à medida que as tensões com os EUA aumentam.

A administração Biden impôs grandes restrições à capacidade da China de comprar chips avançados e equipamentos de fabricação de chips, e agora está instigando aliados — incluindo Holanda, Alemanha, Coreia do Sul e Japão — a endurecer ainda mais as restrições à China e fechar lacunas nos controles de exportação existentes.

Com o lançamento do fundo, as ações das principais empresas de chips da China subiram nesta segunda-feira, 27. A Semiconductor Manufacturing International, a maior fabricante de chips da China, teve valorização de 8,1% em Hong Kong, enquanto a Hua Hong, uma concorrente menor, subiu mais de 10%.

O maior acionista do fundo é o Ministério das Finanças da China. Firmas de investimento pertencentes aos governos locais de Shenzhen e Pequim também contribuíram. O governo de Shenzhen tem apoiado várias fábricas de chips na província de Guangdong, no sul da China, numa tentativa de libertar a Huawei de sanções aplicadas pelos EUA, que a isolaram de um grande número de componentes semicondutores importados.

As superpotências lideradas pelos EUA e pela União Europeia destinaram cerca de US$ 81 bilhões para a produção da próxima geração de semicondutores, intensificando uma disputa global com a China pela supremacia em chips.

A Lei de Chips e Ciência de 2022 da administração Biden inclui US$ 39 bilhões em subsídios para fabricantes de chips, bem como US$ 75 bilhões em empréstimos e garantias.

A China há muito tem uma política industrial mais proativa, incluindo um programa ambicioso chamado "Made in China 2025", que delineou metas de desenvolvimento em biotecnologia, veículos elétricos e semicondutores. Pelo menos desde 2015, quando esse programa foi lançado, a China tem sido um dos principais apoiadores do setor, utilizando capital estatal para financiar fabricantes de chips locais como a SMIC.

O fundo nacional de chips foi inaugurado há cerca de uma década, com aproximadamente 100 bilhões de yuans (cerca de R$ 71,4 bilhões)em capital para investir. Xi, logo após se tornar presidente da China, iniciou uma grande reforma na indústria manufatureira do país, visando tecnologias sofisticadas, desde robótica até fabricação avançada de chips.

A China mais que dobrou o tamanho do Big Fund II em 2019, à medida que a corrida contra os EUA pela supremacia tecnológica se intensificou durante a administração Trump. O capital foi usado para financiar alguns dos projetos de chips mais promissores do país.

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Mas os generosos investimentos de Pequim nem sempre deram retorno. A liderança da China ficou frustrada com a falha de anos em desenvolver semicondutores que pudessem substituir os chips dos EUA. Além disso, o ex-chefe do Big Fund foi retirado do cargo e investigado por corrupção.

A administração Biden tomou medidas sem precedentes para desacelerar o progresso tecnológico da China, argumentando que tais ações são necessárias para a segurança nacional. Nos últimos dois anos, os EUA cortaram a capacidade da China de comprar os chips mais avançados da Nvidia, que são usados para treinar modelos de inteligência artificial, bem como as máquinas que fabricam chips mais sofisticados.

A China respondeu às restrições aumentando seus investimentos em capacidade de fabricação de chips menos avançados, os chamados "chips legados". Apesar de atrasados, eles são essenciais para funcionamento de diversos sistemas.

O país está agora construindo uma rede de empresas de chips em torno de sua campeã nacional, a Huawei, para avanços tecnológicos no desenvolvimento e fabricação de chips avançados. O recém-criado Big Fund III pode fornecer financiamento para esses projetos.

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