Chinesa DeepSeek lidera downloads no iPhone e derruba ações de empresas de IA. Entenda por quê
Ferramenta da startup asiática desafia liderança de americanas em inteligência artificial
A startup chinesa DeepSeek, e seu assistente de inteligência artificial (IA), disparou downloads para iPhone, da Apple, subindo ao topo e levantando dúvidas no Vale do Silício sobre a liderança dos EUA em IA.
O modelo de inteligência artificial do aplicativo é visto como fortemente competitivo com as últimas versões da OpenAI, dona do ChaptGPT, e da Meta Platforms. O argumento da empresa de que sua ferramenta custa muito menos para ser treinada e desenvolvida impulsionou reações importantes na cadeia de suprimentos asiática.
Empresas chinesas de tecnologia ligadas à DeepSeek, como a Iflytek Co., dispararam nesta segunda-feira, enquanto fabricantes de ferramentas para chips, como a ASML Holding NV, da Holanda, e a Advantest Corp., do Japão, sofreram quedas, devido à ameaça potencial à demanda por aceleradores de IA da Nvidia Corp.
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Índices futuros de ações nos EUA também caíram em meio a preocupações de que os modelos de IA da DeepSeek possam desestabilizar a liderança tecnológica americana.
Elogiado pelo investidor Marc Andreessen como “um dos avanços mais impressionantes e surpreendentes”, o assistente da DeepSeek demonstra seu raciocínio e trabalho enquanto responde a consultas ou comandos escritos dos usuários. Avaliações na App Store da Apple e na Play Store do Android, da Alphabet Inc., destacaram essa transparência. O aplicativo liderou a lista de downloads gratuitos no iPhone nos EUA e está entre os aplicativos de produtividade mais baixados na Play Store.
Fundada pelo chefe de um chinês de gestão de ativos, Liang Wenfeng, o modelo de IA de código aberto da DeepSeek está provocando uma reavaliação dos bilhões de dólares que as empresas têm investido para se manterem à frente na corrida pela IA.
— Embora ainda seja necessário observar se a DeepSeek se provará uma alternativa viável e mais barata a longo prazo, as preocupações iniciais giram em torno de saber se o poder de precificação das gigantes tecnológicas americanas está sendo ameaçado e se seus enormes gastos com IA precisam ser reavaliados — disse Jun Rong Yeap, da IG Asia.
Limitações políticas no modelo de IA
Como todos os outros modelos de IA produzidos na China, a DeepSeek se autocensura em tópicos considerados politicamente sensíveis no país. Diferentemente do ChatGPT, a DeepSeek desvia de questões sobre a Praça Tiananmen, o presidente Xi Jinping ou a possibilidade de uma invasão da China a Taiwan. Isso pode causar estranheza a usuários internacionais que talvez não tenham tido contato direto com chatbots chineses anteriormente.
O sucesso inicial oferece um contraponto às expectativas de que as IAs mais avançadas exigirão quantidades crescentes de poder computacional e energia — uma suposição que levou as ações da Nvidia e seus fornecedores a máximas históricas.
O custo exato de desenvolvimento e consumo de energia da DeepSeek ainda não é totalmente conhecido, mas a startup apresentou números que sugerem que seu custo foi apenas uma fração do das versões mais recentes da OpenAI. O fato de um modelo de IA pequeno e eficiente ter surgido da China, um país sujeito a sanções comerciais crescentes dos EUA sobre chips da Nvidia, desafia a eficácia dessas medidas.
A rivalidade tecnológica EUA-China
“O EUA são ótimos em pesquisa, inovação e, especialmente, em avanços disruptivos, mas a China é melhor em engenharia”, disse o cientista da computação Kai-Fu Lee, no início deste mês, no Fórum Financeiro Asiático em Hong Kong. “Nos dias de hoje, quando você tem poder de computação e dinheiro limitados, aprende a construir coisas de forma muito eficiente.”
As ambições estratégicas da China em IA devem continuar rendendo frutos nos próximos 24 meses, com o país se preparando para reduzir ainda mais a lacuna de desenvolvimento na comparação com os EUA, apesar dos gargalos no fornecimento de semicondutores. A crescente capacidade da China em IA é uma prova de sua força inerente em desenvolvimento de software, posicionando a nação como o principal desafiante aos EUA, dizem Robert Lea e Jasmine Lyu, analistas da Bloomberg Intelligence.