Chips de IA: entenda como novo processador do Google acirra competição no setor e atinge Nvidia
Empresa apresentou nesta terça-feira o Axiom, chip de processamento de dados voltado para inteligência artificial
Em um evento para 30 mil pessoas em Las Vegas, nesta semana, o Google revelou o que será a próxima geração de chips da empresa, com foco no processamento de dados para inteligência artificial. Em um telão de LED em uma arena com milhares de pessoas, o CEO do Google Cloud, Thomas Kurian, apresentou o Google Axiom, processador que, segundo ele, vai oferecer "desempenho até 50% maior" que modelos similares.
Na prática, o Axiom vai ajudar o Google a processar enormes quantidades de dados envolvidos no treinamento de modelos de inteligência artificial, em um momento de demanda aquecida por chips que trabalham com esse mesmo objetivo. Embora o Google já opere com processadores próprios desde 2015, essa é a primeira vez que a companhia aposta em chips específicos para data centers de IA.
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O lançamento, feito durante o Google Cloud Next 24', escancara uma corrida paralela do Vale do Silício que envolve a inteligência artificial: a necessidade de obter infraestrutura crítica, com semicondutores e processadores, para rodar dados e grandes modelos de linguagem (LLMs) que alimentam essas ferramentas.
A busca por chips é um dos aspectos que explica a ascensão meteórica da fabricante Nvidia, avaliada em US$ 2 trilhões - e também motivo pelo qual o anúncio do Google pode acirrar a competição nesse campo.
O Axiom, por si só, não estará à venda. Os serviços que utilizam o chip, porém, serão disponibilizados aos clientes do Google Cloud até o fim deste ano. Principais concorrentes do Google no setor de cloud, Microsoft e Amazon já tinham seguido pelo mesmo caminho - as duas empresas usam, inclusive, a mesma arquitetura do Axiom, chamada de ARM.
O Google evita escancarar a concorrência que o lançamento pode trazer com parceiros como Intel e Nvidia . Em termos práticos, no entanto, o Axiom acirra a corrida pela IA no mercado de chips, avalia Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação:
— Indiretamente, o que acontece é que o Google vai acabar vendendo o chip na forma de serviço. — resume Igreja.
Ações da Nvidia caem
Além do Axiom, o Google anunciou no mesmo dia o lançamento geral do TPU v5p, processador de quinta geração que vão ajudar clientes "a treinar e implementar modelos de linguagem de ponta", indicou o CEO Sundar Pichai, na abertura do Google Cloud Next 24'. Ele acrescentou que investimentos colocam a companhia "na vanguarda da mudança para plataformas de IA".
— Existe uma questão de ter uma vantagem competitiva e garantir suprimento. — acrescenta Igreja. — A Apple é um exemplo disso. Ela era parceria da Intel até que começou a produzir os seus próprios chips. A corrida não é só de quem tem os melhores modelos e melhores aplicações, mas também de quem tem o melhor chip.
O anúncio do Google aconteceu no mesmo dia em que a Intel apresentou também seu novo processador para IA, o Gaudi 3, competidor direto do H100, chip que foi um dos grandes responsáveis pela explosão de valor da Nvidia - as ações da empresa acumulam valorizam de mais de 200% nos últimos doze meses.
Com as duas notícias, as ações da Nvidia caíram mais de 2% nesta terça-feira, enquanto os papéis da Alphabet (controladora do Google) subiram 1,28% e os da Intel avançaram 0,92%.