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TECNOLOGIA

Cientistas descobrem nova forma de reciclar metais de lixo eletrônico com levedura de cerveja

Equipe testou a biomassa de levedura contra zinco, alumínio, cobre e níquel, metais presentes em quase todos os equipamentos eletrônicos

Lixo eletrônico Lixo eletrônico  - Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

Um dos maiores desafios da reciclagem de lixo eletrônico é a separação de diferentes metais presentes nos resíduos. Mas, cientistas publicaram um estudo na revista Frontiers in Bioengineering and Biotechnology, nesta terça-feira, no qual descrevem uma maneira de capturar seletivamente metais de um fluxo de resíduos usando a levedura de cerveja, o mesmo subproduto da produção da bebida. Segundo o artigo, a levedura também poderia ser reutilizada no processo.

Para conseguir o feito, os cientistas adquiriram 20 litros de levedura de cerveja gasta, separaram a biomassa dos resíduos da produção de cerveja e secaram a biomassa. As interações eletrostáticas na superfície da levedura permitem que íons metálicos grudem nessa superfície. Alterar o pH dessa solução altera as interações, o que pode permitir que a levedura absorva mais ou diferentes íons metálicos, dependendo do conteúdo da solução e do pH específico.

Os cientistas escolheram testar a biomassa de levedura contra zinco, alumínio, cobre e níquel, metais presentes em quase todos os equipamentos eletrônicos. Eles testaram cada solução de metal em uma variedade de pHs e temperaturas diferentes, para avaliar se era possível aumentar a força das interações e recuperar mais metal.

Os cientistas conseguiram recuperar mais de 50% do alumínio, mais de 40% do cobre e mais de 70% do zinco das soluções de metal testadas. Mais de 50% do cobre e mais de 90% do zinco foram recuperados do fluxo de resíduos polimetálicos em que testaram a levedura.
 

“Demonstramos altas taxas de recuperação de metal a partir de uma solução metálica complexa usando uma biomassa barata e ecologicamente correta. A biomassa de levedura é considerada um organismo seguro, e a reutilização demonstrada da biomassa torna uma abordagem economicamente viável", diz o estudo, que tem os pesquisadores austríacos Anna Sieber, Leon Robert Jelic e Klemens Kremser entre os autores.

Alterar a temperatura teve um impacto relativamente pequeno na eficiência, exceto para o zinco, onde aumentou a taxa de recuperação em 7,6%. Da mesma forma, ajustar o pH teve um efeito limitado na maioria das soluções de metal, exceto para o alumínio, onde melhorou a eficiência da recuperação em 16%.

A própria levedura também poderia ser reciclada até cinco vezes sem afetar muito sua capacidade de recuperar metal. Mas, apesar do sucesso inicial, o grupo alertou que o processo de recuperação de metal precisa ser testado com estudos muito maiores em condições reais antes de poder ser implementado em escala industrial.

"O uso de biomassa residual para recuperação de metais não é um processo completamente novo, mas a seletividade dos processos de biossorção é um fator chave para a recuperação eficiente de metais a partir de fluxos de resíduos polimetálicos”, dizem os cientistas.

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