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Com dívida de R$ 20 bi, Gol pede recuperação judicial nos EUA: entenda a crise da companhia aérea

Empresa negocia com credores reestruturação de dívidas e já sofre restrições de crédito enquanto governo planeja socorro a empresas do setor de aviação

Gol - empresa já havia admitido que estava negociando com credores uma saída para reestruturar sua situação financeira, com dívidas que somam R$ 20 bilhõesGol - empresa já havia admitido que estava negociando com credores uma saída para reestruturar sua situação financeira, com dívidas que somam R$ 20 bilhões - Foto: Divulgação

A companhia aérea Gol informou há pouco que entrou com um pedido de recuperação judicial nos EUA, onde o instrumento que suspende a execução de dívidas é conhecido como Chapter 11, referência ao capítulo 11 da Lei de Falências americana. É o mesmo recurso usado pela Latam em 2020 para reestruturar dívidas.

A empresa já havia admitido que estava negociando com credores uma saída para reestruturar sua situação financeira, com dívidas que somam R$ 20 bilhões. E contratou a consultoria Seabury para buscar a renegociação de dívidas. As dificuldades financeiras da companha se agravaram com o impacto da pandemia sobre o tráfego aéreo, a partir de 2020.

Em meio aos rumores de que a empresa estava prestes a recorrer ao pedido de proteção contra credores, a Gol perdeu o crédito junto a distribuidores de combustível em alguns dos aeroportos mais importantes do país. Segundo fontes ouvidas pela coluna Capital, do Globo, a empresa agora tem de pagar à vista para abastecer as aeronaves.

A Gol, no entanto, afirmou que "não tem problema com abastecimento de combustível e que não houve nenhuma mudança nas condições de pagamento". E acrescentou que "continua seus esforços anunciados anteriormente para melhorar sua lucratividade e fortalecer seu balanço".

A agência Bloomberg informou que a empresa está buscando cerca de US$ 950 milhões em empréstimos enquanto prepara um pedido de recuperação judicial nos EUA, o chamado Chapter 11, para poder ganhar tempo para reestruturar sua dívida. A informação veio de fontes familiarizadas com o assunto ouvidas pela agência. A Gol não se pronunciou.

Governo prepara socorro
O governo prometoe estímulos ao setor de aviação. A situação da Gol é a mais grave. A companhia aérea enfrenta sérios problemas de fluxo de caixa e está há seis meses tentando uma reestruturação de dívida com arrendadores de avião e credores financeiros. Do total da dívida, R$ 3 bilhões tem vencimento de curto prazo.

O combustível representa cerca de 40% dos custos de uma companhia aérea no Brasil. As distribuidoras de combustível ganham dinheiro oferecendo crédito para as companhias aéreas pagarem pelo consumo do querosene de aviação em 30, 60, 90 ou até 120 dias. As taxas complementam as margens da distribuição.

Custos altos, bilhetes caros, endividamento: companhias aéreas vivem tempestade perfeita, e governo articula socorro

O mercado acompanha a situação de perto. Em dezembro passado, a Fitch Ratings, agência de classificação de risco, rebaixou a nota de crédito da Gol de “CCC+” para “CCC-”, em meio a preocupações com a reestruturação de sua dívida, riscos de refinanciamento e pressão no fluxo de caixa operacional.

As ações da empresa têm operado em queda. Ontem os papéis da Gol fecharam em queda de 3,34% na B3, negociadas a R$ 6,65.

Segundo levantamento do consultor de dados financeiros Einar Rivero, o movimento levou a uma perda de R$ 96 milhões no valor de mercado da Gol, atualmente avaliada em R$ 2,7 bilhões. Desde o início do ano até o pregão de 24 de janeiro, a companhia acumula queda de R$ 971 milhões em seu valor de mercado.

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