Justiça

Com dívida de R$ 94,2 milhões, Nexpe, antiga Brasil Brokers, pede recuperação judicial

Grupo imobiliário aponta passivo trabalhista e perdas na pandemia como razões para o processo

Brasil BrokersBrasil Brokers - Foto: Reprodução/Facebook

A Nexpe, antiga Brasil Brokers, entrou com pedido de recuperação judicial na 3ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo nesta terça-feira (14).

Com R$ 94,2 milhões em dívidas incluídas no pedido de proteção à Justiça, a Nexpe inclui suas subsidiárias Abyara, Basimóvel, Bamberg e as consultorias imobiliárias Global MF, Tropical e Niterói Administradora de Móveis no processo.

Além da aprovação do pedido de recuperação, a Nexpe pede à justiça que aprove em tutela de urgência a suspensão de execuções contra a companhia.

A companhia foi levada à pedir recuperação judicial após ter tentado, ao longo dos últimos meses, juntamente com assessores financeiros e legais, reduzir impactos negativos causados por contingências trabalhistas e o tombo no faturamento nos anos de pandemia no mercado imobiliário, segundo comunicado divulgado ao mercado.

Os papeis da Nexpe registram queda de 26,8% na B3, Bolsa de Valores de São Paulo, cotados a R$ 6,63.

De janeiro a setembro de 2022, dado mais recente disponível, a Nexpe registrou um prejuízo de R$ 43,9 milhões, aprofundando a perda de R$ 38,7 milhões de um ano antes.

Perdas trabalhistas
No pedido apresentado a Tribunal de Justiça de São Paulo, a Nexpe informa que em 2017 apurou um passivo trabalhista no valor de R$ 70 milhões, resultado de uma “expressiva quantidade de processos” movidos contra a companhia nos anos de 2014 a 206, quando o país mergulhou em uma recessão.

Em setembro de 2022, o grupo somava 144 processos trabalhistas ainda a serem equacionados, uma redução de 45% na comparação com igual mês de 2021.

Na sequência, a chegada da Covid-19 trouxe novas perdas, com “diminuição significativa na construção de novos empreendimentos”, quando a receita da Nexpe com a venda direta de imóveis chegou a cair 95%.

Como o problema piorou
A Nexpe abriu capital em 2007, tendo adquirido 16 empresas do setor imobiliário.

A empresa sustenta, no pedido apresentado à Justiça, que quando fez sua abertura de capital em bolsa, as ações da companhia foram avaliadas em R$ 11. No ano seguinte, em 2008, chegaram a valer R$ 100,49.

O ano de melhor desempenho da companhia foi 2014. Dali em diante, com a recessão na economia, os freios ao crescimento da empresa surgiram.

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A aposta em fazer a evolução digital da companhia teve início em 2017. Em 2020, concentrou esforços em transformar a Brasil Brokers em uma proptech, ou seja, uma empresa digital no mercado imobiliário, acrescentando uma gama de serviços ao negócio.

Um ano depois, já no cenário de pandemia, ampliou a busca por recursos, sobretudo para equilibrar o passivo trabalhista. No início do ano passado, aprovou um aumento de capital no valor de R$ 54 milhões. Fez também a transição para a nova identidade do grupo, Nexpe.

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