Logo Folha de Pernambuco

Economia

Com escassez de semicondutores a dólar alto, produção de veículos tem pior outubro desde 2016

Greve de caminhoneiros no porto de Santos pode agravar cenário para o setor no curto prazo, diz Anfavea

Indústria automobilística Indústria automobilística  - Foto: Divulgação

As montadoras de veículos produziram 177,9 mil automóveis no Brasil em outubro, 24,8% a menos do que no mesmo período do ano passado e a pior marca para o mês dos últimos cinco anos, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

O indicador sinaliza um ritmo fraco de produção influenciado principalmente pela falta de componentes e matérias-primas para a produção no mundo, em especial semicondutores e pneus. A desvalorização do real ante o dólar também tem afetado o setor, que importa mais componentes do que exporta veículos.

No acumulado deste ano até outubro, foram produzidos no país 1,83 milhão de veículos, 16,7% acima do registrado no mesmo período de 2020. É um patamar muito inferior ao da indústria automotiva no pré-pandemia. Em 2019, por exemplo, foram fabricados de janeiro a outubro 2,55 milhões de carros.

Em meio à desaceleração no ritmo de produção, a estimativa da Anfavea é terminar 2021 com crescimento entre 6% e 10% em relação ao ano passado, cujos indicadores foram fortemente afetados pela pandemia do coronavírus.

O estoque de veículos atual segue em níveis que o setor considera baixo, variando entre 15 a 17 dias úteis.

Para o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, o cenário de escassez de componentes deve permanecer durante todo o ano de 2022 e deverá continuar a afetar o segmento globalmente, com repercussões no Brasil.

A consultoria BCG estima a perda da produção para este ano entre 10 e 12 milhões de unidades pelo problema na cadeia de fornecimento de semicondutores e, para 2022, em torno de 5 milhões de veículos.

O segmento defende a nacionalização da produção de semicondutores para reduzir a dependência brasileira da importação desses itens da Ásia e tem solicitado junto ao Ministério da Economia políticas de estado para dar incentivos a esse setor no país. Até o momento, contudo, não existem medidas nesse sentido.

No curto prazo, o cenário de escassez pode piorar devido à atual greve de caminhoneiros no porto de Santos, que tem travado a liberação de contêineres com matérias-primas como semicondutores, diz Moraes.

"Estamos com problemas de falta de componentes pelo descompasso na cadeia global de produção (há meses) e a liberação das peças em contêineres no porto é essencial para montar veículos incompletos. Com a greve (dos caminhoneiros) no porto de Santos enfrentamos dificuldades de retirada de itens em contêineres, várias montadoras são impactadas e há risco de parada (da produção de veículos)", afirmou a jornalistas nesta segunda-feira (8).

O executivo salientou ainda que as incertezas quanto à produção afetam negativamente também o custo de produção dos veículos.

"Essa falta de componentes desorganiza o sistema de produção e aumenta o custo porque não temos a eficiência desejada na linha de produção, gera por exemplo horas extras nas linhas de produção. É o pior momento da indústria em termos de eficiência porque não conseguimos planejar e traz problemas porque temos contratos com clientes. Isso afeta rede de concessionárias, fornecedores" ressaltou Moraes.

Veja também

Europa está "pronta para reagir" em caso de tensões comerciais com EUA, segundo embaixadora
Tensões comerciais

Europa está "pronta para reagir" em caso de tensões comerciais com EUA, segundo embaixadora

Amazon investe mais US$ 4 bilhões na startup de IA Anthropic
empresas

Amazon investe mais US$ 4 bilhões na startup de IA Anthropic

Newsletter