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Índice da bolsa

Com foco em Vale e Petrobras, Ibovespa cai 0,35%, aos 127,8 mil pontos

O giro ficou em R$ 20,3 bilhões nesta quarta-feira (24)

Bolsa de valoresBolsa de valores - Foto: Canva

O Ibovespa parecia que manteria a linha de 128 mil pelo segundo dia, obtendo assim a primeira sequência ganhadora desta segunda quinzena de janeiro, mês até aqui marcado por correção de quase 5% em relação aos recordes do fim do ano passado.

Nesta quarta-feira, 24, o índice da B3 oscilou até os 129.445,69 pontos no melhor momento, pela manhã, saindo de abertura a 128 275,09. Do meio para o fim da tarde, contudo, mostrou o mesmo sinal que tem prevalecido neste começo de 2024: negativo. Com a perda de 0,35% na sessão, aos 127.815,70 pontos, ainda avança 0,14% na semana - em janeiro, cai 4,75%. O giro ficou em R$ 20,3 bilhões nesta quarta-feira.

Mais cedo, a progressão do Ibovespa, como ontem, decorria do impulso proporcionado por Vale ON (ao fim, limitado a 1,01%), a ação de maior peso no índice. A mineradora abriu o ano muito pressionada pela perspectiva nebulosa para a demanda chinesa, que tem resultado em volatilidade para o preço do minério de ferro.

Assim, até a última sexta-feira, 19, a ação da Vale, que corresponde a cerca de 14,1% do Ibovespa, acumulava perda de quase 12% no ano - com a recuperação parcial vista nas últimas sessões, ainda cede 9,46% em 2024.



Os ganhos na principal ação do Ibovespa mostraram moderação a partir do meio da tarde, buscando mínimas da sessão abaixo da linha psicológica de R$ 70, chegando a R$ 69,75 no pior momento e fechando a R$ 69,90, após fontes ouvidas pelo Broadcast apontarem que a permanência do presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, deve ser decidida até terça-feira, 30.

Além da questão da demanda chinesa, que afeta diretamente os preços de commodities e a receita da empresa, a mineradora tem suscitado atenção pela retomada de movimentos do governo para tentar encaixar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega no conselho de administração - notícias publicadas na imprensa dão conta de que a ambição de Mantega seria maior: presidi-la.

Segundo fonte familiarizada com o processo, a permanência de Bartolomeo na presidência deve ser decidida até a próxima terça-feira, com a convocação de uma reunião extraordinária do conselho de administração. No encontro, será analisado - a partir de amplo estudo - o desempenho do executivo frente à mineradora, reportam as jornalistas Juliana Garçon e Cristiane Barbieri, do Broadcast.

Afora as questões domésticas, hoje, o contrato mais negociado do minério de ferro em Dalian, para maio de 2024, fechou em alta de 1,77%, a 979 yuans por tonelada, o correspondente a US$ 136,45, contribuindo para novo avanço das ações do setor metálico - entre as quais, Vale ON -, com destaque para CSN (ON +2,30%) e Gerdau (PN +2,31%).

Assim, o índice de materiais básicos fechou o dia com ganho de 1,06%, o que contribuiu para neutralizar o efeito negativo, sobre o Ibovespa, do recuo das ações de grandes bancos - à exceção de BB ON, que chegou a oscilar para o negativo à tarde, mas fechou em alta de 0,19% -, além de Petrobras (ON -0,93%, PN -0,76%).

Na ponta da carteira teórica, destaque para o setor metálico, com Usiminas (+3,82%), CSN Mineração (+2,44%) e Gerdau, além de Marfrig (+2,99%) e Alpargatas (+2,52%). No lado oposto, Natura (-5,38%), Casas Bahia (-4,50%), Yduqs (-3,72%) e RaiaDrogasil (-3,53%). Na contramão dos materiais básicos, o índice de consumo, correlacionado à economia doméstica, cedeu hoje 1,27%.

Petrobras, que ontem tinha operado em reverso aos preços do petróleo, contribuindo então para a alta do Ibovespa, desta vez trouxe o movimento oposto: do positivo ao negativo, fechando em baixa, apesar do Brent e WTI em recuperação moderada na sessão.

Como no caso de Vale e até mesmo de Banco do Brasil, as ações de Petrobras - especialmente a ordinária, que corresponde a cerca de 4,4% do Ibovespa, a quarta mais 'pesada' do índice - refletiram, em certo momento da sessão, as preocupações em torno de ingerência do governo em empresas nas quais tem influência.

O fator Mantega levou o Ibovespa a renovar sucessivas mínimas, que o colocaram a 127.679,99 pontos no pior momento, em baixa de 0,45% perto do fechamento. "Há muito ruído político sobre a ida de Mantega para a presidência da Vale - mas eu não acredito nisso. No máximo, uma cadeira no conselho de administração", diz Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, observando que a empresa tem "controles bem estabelecidos e tentaria ao máximo evitar isso".

No quadro mais amplo, além da retomada no minério de ferro, os contratos do cobre e zinco subiram mais de 2% nesta quarta-feira, após o governo da China mostrar esforço para impulsionar a economia, ampliando a liquidez no sistema financeiro local. Além do corte no compulsório bancário, anunciado na virada da madrugada, os investidores tomaram nota da melhora nos índices de atividade (PMIs) nos Estados Unidos, também divulgada nesta quarta-feira.

"Por aqui, o mercado tinha começado animado, com o reforço ao setor imobiliário na China, proporcionado pelo alargamento do uso de empréstimos comerciais para conter o abrandamento de atividade. Há fluxo intenso para Nova York, em novas máximas históricas no S&P 500, em razão do interesse pelas empresas de tecnologia, com a Netflix em alta de mais de 10% durante a sessão e a Microsoft em valor de mercado recorde de US$ 3 trilhões, o que se soma ao bom desempenho das ações de chips nos Estados Unidos", diz Ferrer, da Empiricus Research.

"O recente noticiário da China tem produzido efeitos importantes, especialmente no setor metálico. A redução dos compulsórios, por lá, ajudou aqui, na Bolsa. Há uma injeção de recursos significativa, na veia do sistema financeiro. O que reforça a expectativa por corte de juros ainda neste trimestre", na economia que é o motor global das commodities, observa Erik Sala, analista da DVInvest/Blue3 Investimentos.

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