Com juro nos EUA mais forte por mais tempo, tendência é dólar ficar mais forte, diz Campos Neto
Campos Neto reforçou que o cenário dos Estados Unidos não tem uma relação mecânica com o Brasil, mas que é preciso avaliar como isso vai ter impacto no País
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse, referindo-se ao cenário de juros dos Estados Unidos, que é difícil precisar a tendência para o dólar nos próximos meses. "Não existe relação mecânica entre moeda e diferencial de juros. Mas com os juros mais fortes [nos EUA] por mais tempo, a tendência é de que o dólar fique mais forte", disse ele, durante palestra no evento Cenário e Perspectivas para o Brasil, promovido pelo Young Presidents Organization (YPO).
Campos Neto reforçou que o cenário dos Estados Unidos não tem uma relação mecânica com o Brasil, mas que é preciso avaliar como isso vai ter impacto no País.
Ele citou como exemplo como o real poderá trabalhar mais desvalorizado e o custo de crédito por causa dos juros norte-americanos mais elevados. É o derramamento do juro alto nos Estados Unidos que atrai a atenção, segundo o presidente do BC.
"O que a gente pode falar é que a incerteza aumentou", disse Campos Neto.
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Ele voltou a mencionar a convergência da inflação e o mercado de trabalho aquecido nos Estados Unidos e também o cenário geopolítico, com os conflitos envolvendo Israel e Ucrânia afetando os preços de energia. Todo esse cenário tornará o trabalho dos Bancos Centrais em todo o mundo mais difícil daqui em diante, segundo ele.
Questionado sobre a possibilidade de uma nova moeda global, ele disse que gasta-se muito tempo para discutir a viabilidade de uma nova dominância quando a tecnologia já superou isso e permite operações com conversões cambiais instantâneas e eficientes.
"Acredito mais que a tecnologia vai superar esse debate de zonas de comércio, digamos assim. Estamos tecnologicamente muito perto de integrar sistemas", comentou o presidente do BC.