Logo Folha de Pernambuco

Economia

Com pandemia, dívida pública chega a 85,5% do PIB em junho

A variação de 3,6 pontos no mês é a maior da série do BC, iniciada em dezembro de 2006

DinheiroDinheiro - Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Sob efeito da pandemia do novo coronavírus, a dívida pública chegou a 85,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em junho, aumento de 3,6 pontos percentuais em relação ao mês anterior, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (31).

Com o aumento de gastos públicos em razão da crise sanitária, a dívida bruta brasileira pode fechar 2020 em 100% do PIB, segundo estimativas da equipe econômica. A dívida já vinha em trajetória de alta antes da crise e este é o sexto mês com crescimento do endividamento público.

A variação de 3,6 pontos no mês é a maior da série do BC, iniciada em dezembro de 2006. Antes da pandemia, as diferenças bruscas no endividamento entre um mês e outro se deram em movimento oposto ao observado agora, quando a dívida caiu em março e em dezembro de 2010. Nas duas ocasiões houve redução de 2,9 pontos.


"Os gastos do governo com medidas ligadas à pandemia da Covid-19 são crescentes e isso impacta a dívida", explicou o chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha. Segundo ele, a diminuição do PIB nominal também contribuiu para o aumento do percentual. "Mas, a maior parte vem das necessidades de financiamento público [aumento do déficit]", pontuou.

Em 2019, o endividamento estava em 75,8% do PIB. A dívida líquida, que desconta os ativos do governo, também foi impactada pela piora fiscal e alcançou 58,1% do PIB em junho, aumento de 3 pontos em relação a maio.

As contas públicas registraram no primeiro semestre rombo de R$ 407,7 bilhões. "Tivemos déficit recorde pelo terceiro mês consecutivo em magnitude que não tinha sido vista antes na série histórica", disse Rocha. O valor é 3,18 vezes maior que a fixada em lei, de R$ 127,9 bilhões, para 2020. Com o decreto de calamidade pública, no entanto, o governo foi autorizado a extrapolar esse montante.

O rombo equivale a 6,38% do PIB (Produto Interno Bruto). Apenas em junho, o déficit primário foi de R$ 188,7 bilhões, maior da série histórica iniciada em 2001.

Ao contrário da União, os governos regionais registraram superávit de R$ 5,7 bilhões em junho. "Embora a crise também impacte os estados, o resultado se deu por conta das transferências de R$ 19,7 bi do governo central em razão da pandemia", esclareceu o técnico do BC.

O resultado primário indica a capacidade do governo de pagar as contas, exceto os encargos da dívida pública. Se as receitas são maiores que as despesas, há superávit. Caso contrário, há déficit. Nesta quinta-feira (30), o Tesouro Nacional divulgou um rombo recorde de R$ 417 bilhões no primeiro semestre deste ano. O resultado é o pior para o período da série histórica iniciada há 23 anos.

Os números divulgados pelo Tesouro e pelo Banco Central têm metodologias diferentes. A autoridade monetária utiliza o cálculo "abaixo da linha", que leva em conta a necessidade de financiamento do setor público descontando os juros da dívida O Tesouro calcula os dados fiscais "acima da linha", que são receitas menos despesas, exclusive juros.

Veja também

Governo bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024
Orçamento de 2024

Governo Federal bloqueia R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde
Bolsa de Nova York

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde

Newsletter