Com perda estimada em R$ 300 milhões, Caixa aguarda Lula para tentar liberar cobrar PIX a empresas
A presidente da Caixa conversou com Haddad para explicar os motivos da cobrança da tarifa
A Caixa Econômica Federal aguarda o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retornar da viagem ao exterior para resolver o mal-estar gerado pela cobrança de tarifa no PIX para empresas. A estratégia é convencer o presidente de que a medida, que pode gerar para a Caixa uma receita de R$ 300 milhões por ano, é importante para a sustentabilidade do banco e em algum momento, voltar a cobrar, disse um técnico do banco.
De acordo com os planos da Caixa, a tarifa seria paga apenas por médias e grandes de empresas. O valor varia entre R$ 1 e R$ 130, dependendo do perfil da operação, PIX Transferência, PIX Compra e PIX Checkout.
A medida foi anunciada pela Caixa na segunda-feira e gerou várias críticas nas redes sociais, sobretudo de pessoas ligadas ao governo anterior, como o ex-presidente do banco, Pedro Guimarães. Diante da repercussão negativa, Lula determinou que a Caixa suspendesse a medida.
Para convencer o presidente, a Caixa pretende alegar que outros bancos, inclusive públicos, cobram pelo uso do PIX, o que é autorizado pelo Banco Central desde 2020. Diante disso, a Caixa estaria saindo em desvantagem no mercado.
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A direção do banco pretende argumentar ainda que a medida estava prevista desde o ano passado, na gestão da presidente Daniella Marques, que sucedeu a Guimarães. A instituição da tarifa dependia apenas de questões operacionais. Microempreendedores Individuais (MEI) e pequenas emrpesas não seriam afetadas.
Segundo interlocutores, a presidente da Caixa, Rita Serrano, tentou uma agenda com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nessa terça-feira. Mas, sem espaço da agenda do ministro, os dois conversaram por telefone. Haddad teria entendido a situação e ficou de reforçar os argumentos com o presidente Lula.
Nessa terça-feira, a Caixa confirmou em nota que suspendeu a cobrança, após o ministro da Casa Civil, Rui Costa, ter afirmado que Lula pediu que o banco suspendesse a cobrança até seu retorno da viagem à Europa.
A CAIXA esclarece que suspendeu a cobrança do Pix para Pessoa Jurídica. A prática de cobrança da tarifa Pessoa Jurídica foi autorizada pelo Arranjo Pix, em conformidade com a Resolução Nº 30/2020 do Banco Central do Brasil, de 22 e outubro de 2020, e é realizada por praticamente todas as instituições financeiras desde a sua implementação", disse a Caixa em nota.