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Com salto de 21,6% na agropecuária, PIB avança 1,9% no primeiro trimestre

Resultado do setor foi o maior em quase 30 anos, puxando o crescimento da economia de janeiro a março, que ficou acima das projeções do mercado

Receita das 500 maiores empresas do agro alcança R$ 1,4 trilhão Receita das 500 maiores empresas do agro alcança R$ 1,4 trilhão  - Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo

Um forte avanço da agropecuária, de 21,6%, e um aumento no consumo das famílias deram fôlego à atividade econômica no primeiro trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB), o primeiro do governo Lula, cresceu 1,9% no período, em relação ao quarto trimestre do ano passado. Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, medido pelo IBGE, e foram divulgados nesta quinta-feira (1°).

O crescimento da agropecuária, graças a uma safra recorde, foi o maior em quase 30 anos, desde o quarto trimestre de 1996, quando avançou 23,2%.

Há um mês, analistas fizeram uma onda de revisões das projeções para o PIB diante de uma atividade mais resiliente do que o esperado para o período. Para o primeiro trimestre, a expectativa de crescimento era de 1,2% a 1,4% ante os três últimos meses de 2022.

Segundo a corretora XP, excluindo o setor primário, o PIB cresceria só 0,6% no período.

Com a força do agro no primeiro trimestre, a tendência é que o PIB do ano também seja revisto. As projeções hoje estão em torno de expansão de 1,4%.

Principais destaques do PIB
Agropecuária: 21,6%

Indústria: -0,1%

Serviços: 0,6%

Consumo das famílias: 0,2%

Consumo do governo: 0,3%

Investimentos: -3,4%

Exportações: -0,4%

Importação: -7,1%

Safra de soja recorde
“Problemas climáticos impactaram negativamente a agropecuária ano passado e esse ano estamos com previsão de safra recorde de soja, que representa aproximadamente 70% da lavoura no trimestre, com crescimento de mais de 24% de produção”, analisa a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

A safra da soja é concentrada no primeiro semestre do ano. Ao compararmos o quarto trimestre de um ano ruim com um primeiro trimestre bom, observamos esse crescimento expressivo da Agropecuária

O setor de serviços, que tem o maior peso no indicador, cresceu 0,6% no período. O resultado foi puxado, principalmente, pelas altas nos setores de Transportes e Atividades Financeiras, ambos com crescimento de 1,2%.

“A alta no setor dos Transportes foi influenciada tanto pelo transporte de carga quanto o de passageiros e nas Atividades Financeiras, foi puxada pela parte de seguros, pois o valor dos prêmios cresceu, mas o dos sinistros caiu, e o setor tem um ganho quando acontece isso”, explica Rebeca Palis.

Já a indústria apresentou estabilidade (-0,1%) no primeiro trimestre de 2023.

Consumo das famílias cresce pouco
Pela ótica da demanda, o consumo das famílias avançou modestos 0,2%. Analistas esperavam um crescimento mais robusto. O Santander, por exemplo, esperava crescimento de 1,5% no trimestre. O aperto no crédito inibiu o apetite por compras do brasileiro.

O consumo do governo (0,3%) também subiu, enquanto os investimentos recuaram 3,4%. Tanto investimento e consumo do governo ainda continuam abaixo dos níveis de 2013, o pico dos setores.

A taxa de investimento caiu pelo terceiro trimestre seguido. Ficou em 17,7% do PIB no início deste ano contra 18,4% do fim do 2022.

Perspectivas
A despeito de um primeiro trimestre mais robusto, economistas avaliam que a atividade segue em rota de desaceleração em meio às condições monetárias mais apertadas. A taxa de juros básica, a Selic, está em 13,75% ao ano, o que encarece o crédito às empresas e às famílias, inibindo investimentos.

Além das condições de crédito mais apertadas, a dissipação do impulso 'pós-Covid' e o abrandamento do mercado de trabalho devem levar a uma desaceleração da economia dos próximos meses. As projeções giram em torno de 1,4% para 2023.

Na quarta-feira, saíram os dados do mercado de trabalho até abril. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), nos quatro primeiros meses do ano, foram gerados 705,7 mil empregos formais. No mesmo período do ano passado, o saldo fora de 825,49 mil novas pessoas com com trabalho com carteira assinada.

Quando se observa todo o mercado de trabalho, inclusive as ocupações informais, houve queda no número de pessoas trabalhando, mas a procura por uma vaga diminuiu, o que fez a taxa de desemprego no trimestre encerrado em abril ficar estável frente a janeiro. Ficou em 8,5% da força de trabalho, contra 8,4% em janeiro. Foi a menor taxa de desemprego desde 2015.

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