Com volta de Trump, 58% dos CEOs globais creem em aceleração no crescimento econômico
Segundo a 28ª edição da CEO Survey, da consultoria PwC, lançada no Fórum Econômico Mundial de Davos, 58% dos líderes empresariais estão otimistas com negócios
Apesar dos alertas, feitos por economistas, de que mudanças disruptivas na política econômica dos EUA – como as propostas pelo presidente Donald Trump, empossado nesta segunda-feira na capital americana, Washington – poderiam atingir em cheio a economia global, presidentes de grandes companhias mundo afora estão otimistas.
Mesmo com a volta de Trump para a Casa Branca – ou, talvez, por isso mesmo –, 58% dos líderes entrevistados na 28ª edição da CEO Survey, da consultoria PwC creem que haverá uma aceleração no crescimento econômico nos próximos 12 meses. Na edição de 2024 da pesquisa, apenas 38% dos entrevistados apostavam num ritmo mais acelerado da economia.
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Os resultados foram divulgados nesta segunda-feira, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, como ocorre todo ano. Em 2025, o lançamento da pesquisa anual no encontro que reúne a elite econômica global nos Alpes Suíços coincidiu com a posse de Trump em Washington.
Para Marcos Castro, sócio-presidente da PwC no Brasil, está claro, pelos resultados, que as turbulências geopolíticas, que poderão ser potencialmente agravados pela volta do republicano à Casa Branca, não atrapalha os negócios da maioria das grandes empresas.
O executivo da PwC lembra que, além de propostas que podem ser consideradas favoráveis para o setor privado, como alívios na regulação e redução de tributos, há fatores de atenuam eventual incerteza com o segundo mandato de Trump.
Um deles é o fato de que os conflitos armados que agravaram as tensões geopolíticas desde 2022 – a invasão da Ucrânia pela Rússia e os ataques terroristas em Israel e a retaliação por parte do governo israelense – não são mais novidades.
– Tem uma série investimentos sendo anunciados. Isso tem demonstrado uma resiliência do ambiente corporativo, em contraposição a essa expectativa de que as tarifas, o fechamento de barreiras (comerciais) que o Trump quer colocar poderiam dar um susto – diz Castro.
Outro motivo para um maior otimismo dos executivos de alto escalão, mesmo diante das incertezas, é o fato de que o crescimento econômico tem surpreendido positivamente nos EUA.
No Brasil, 73% dos CEOs veem crescimento maior
Movimento semelhante tem ocorrido no Brasil. Ainda que a CEO Survey tenha feito as entrevistas entre o fim de novembro e o início de dezembro, ou seja, antes que a crise de confiança de investidores do mercado financeiro em relação ao equilíbrio das contas do governo, a percepção dos executivos brasileiros está mais para otimista: 73% dos entrevistados aposta numa aceleração da economia brasileira nos próximos 12 meses.
Isso pode ser reflexo da surpresa positiva com o crescimento econômico no Brasil ano passado. Mesmo que economistas e analistas de mercado alertem que o ritmo de 2024 parece não ser sustentável, e que a crise de confiança expressa na escalada do dólar no fim do ano dê uma freada na economia em 2025, a atividade aquecida impulsiona os negócios no curto prazo.
– Faz dois anos que o Brasil cresce acima do potencial. Isso não é bom, porque uma hora batemos no muro e isso vai desmoronar. Estamos, de fato, estressando uma série de coisas de curtíssimo prazo com um crescimento que poderia ser encarado como artificial. O que acaba acontecendo é que vemos uma série de soluções aparecendo para suprir aquilo que se achava que não ia acontecer (em termos de crescimento econômico) – afirmou Castro.
O otimismo dos CEOs brasileiros com a economia é o terceiro mais elevado na pesquisa da PwC. Fica atrás apenas dos CEOs argentinos – 91% veem a economia acelerando nos próximos 12 meses, reagindo à forte retomada que já começou na Argentina – e dos indianos – 87% esperam uma aceleração.
Fora do radar de investimentos
Agora, na visão dos CEOs globais em relação ao Brasil, esse otimismo ainda não se reflete em novos investimentos. Na edição deste ano da CEO Survey, apenas 4% dos entrevistados citaram o Brasil entre os três principais mercados no mundo para a expansão dos negócios.
Com isso, o país ficou na 13ª posição entre os mais citados, apenas uma acima da 14ª do ano passado. Em 2024, o Brasil ficou de fora do grupo dos dez mais citados pela primeira vez na série da pesquisa.