NEGÓCIOS

Começa a temporada de liquidações nas grandes varejistas, que prometem descontos de até 80%

Com vendas minguadas no fim de ano, comércio faz uma espécie de Black Friday de Verão com promoções semelhantes às das principais datas do fim do ano

ShoppingShopping - Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco

As vendas do varejo físico brasileiro na semana do Natal, entre os dias 18 e 24 de dezembro tiveram um tímido crescimento de 0,4%, segundo o Indicador de Atividade do Comércio da Serasa Experian.

O resultado está bem distante da expectativa, que era em torno de 5%. Para limpar o estoque e não ficar no prejuízo — afinal produto parado na loja tem custo —, grandes varejistas realizam saldões a partir das 7h desta sexta-feira (6).

As queimas de estoque nos primeiros dias do ano são tradicionais, mas as deste ano estão mais intensas, com descontos e condições de pagamentos parecidas com as da Black Friday, que acontece em novembro. A do ano passado foi a pior dos últimos anos.

Este mês, as varejistas pretendem compensar as vendas fracas do fim do ano passado, prejudicadas pelos juros altos, endividamento recorde e uma Copa do Mundo em dezembro.

"Black Friday vai ser agora"
"A Black Friday verdadeira vai acontecer agora. Na original (em novembro), as ofertas não estavam boas e as empresas não estocaram grande quantidade de produtos porque sabiam que a Copa atrapalharia", diz Ulysses Reis, professor de Varejo da Fundação Getulio Vargas (FGV).
 

O alvo principal continua em produtos de tíquete-médio alto, como eletrodomésticos, eletrônicos e móveis. Os de menor valor, entretanto, têm seu protagonismo também. O importante, observa Reis, é vender.

Hoje em dia a forma mais certa de ganhar dinheiro no varejo é o giro de estoque, ou seja, comprar rápido e vender rápido. E isso os produtos de tíquete-médio menor e consumo diário proporcionam.

Magalu vai abrir mais cedo
O Magalu, que geralmente abre às 8h, vai abrir suas lojas uma hora mais cedo por causa da Liquidação Fantástica, a maior promoção do ano da companhia. Os descontos que chegam a 80% são os mesmos praticados na Black Friday, mas o preço final dos produtos pode ser até menor, porque serão vendidos produtos de mostruários, os quais são ainda mais baratos.

A liquidação inclui de brinquedos e eletrônicos a produtos de mercado e dura até domingo (ou até acabar o estoque). A queima também acontece no site e no app.

A sexta-feira também começa agitada nas lojas das marcas da Via: Casas Bahia, Ponto (ex-Pontofrio) e o e-commerce extra.com.br estão com descontos de até 70%. As ofertas incluem móveis, eletrodomésticos, eletrônicos a itens de mercado, bebidas e produtos de limpeza.

O destaque da Casas Bahia é o parcelamento das compras em até 30 vezes sem juros nos cartões da rede, 24 vezes no carnê Casas Bahia ou pagamento em Pix. Hoje é o principal dia das ações que iniciaram na segunda-feira.

Na Americanas, os descontos chegam à casa dos 80%. Até a próxima quarta-feira (11), produtos do cotidiano, como fralda e xampu, a celulares que sobraram de 2022 vão ser liquidado nas lojas físicas e aplicativos da marca. Os clientes podem parcelar as compras em até 21 vezes no cartão Ame, e tem ainda cashback e cupons.

Lucro menor para girar estoque
Segundo Marcelli Valle, gerente de branding da Americanas, neste ano a empresa está investindo em uma campanha que aborde todas as plataformas e ações digitais para alcançar o maior número de clientes, principalmente quem está com o bolso apertado.

Alguns dos departamentos em destaque são telefonia, eletrônicos, eletrodomésticos, material escolar, itens de cama, mesa e banho, climatização, fraldas e produtos de higiene e beleza

A economista da XP Tatiana Nogueira diz que, mesmo com margem de lucro menor, as varejistas querem assegurar o giro do estoque:

Mesmo com margem menor, as varejistas querem garantir a venda para poder fazer novas encomendas, que serão mais baratas, porque manter estoque é caro, e antes que o ciclo econômico aperte mais. O mercado de trabalho desacelerou, o crédito perdeu força, a rede deve ser menor e o risco de perder emprego, maior. Este cenário desaquece a economia como um todo.

Veja também

Safra recorde deve frear inflação de alimentos após pressão da seca
preços

Safra recorde deve frear inflação de alimentos após pressão da seca

Maior fiscalização provoca queda de 84% na extração de ouro
GARIMPO

Maior fiscalização provoca queda de 84% na extração de ouro

Newsletter