Comemoração em casa e sem presente: o Dia dos Pais durante a pandemia
Com valor médio de R$ 129,65, apenas 28% das pessoas têm intenção de comprar presente para os pais
O Dia dos Pais será diferente na casa da família Silva. Pintor e pai de três filhos, Ricardo Alexandre da Silva viu seus rendimentos caírem pela metade durante a pandemia do Covid-19, e a tradicional comemoração será adaptada à nova realidade. Sua esposa, Silvania Maria da Silva, é empregada doméstica e também teve seu salário reduzido. “Infelizmente, este ano não vai dar para comprar o presente, mas o almoço com a família está garantido. E isso só porque ele merece, senão nem isso teria”, brinca a doméstica.
Segundo pesquisa da Federação do Comércio de Pernambuco (Fecomércio-PE), apenas 28% dos entrevistados afirmaram que comprarão presente para os pais no próximo domingo. A maioria dos consumidores que responderam à pesquisa (68%) demonstrou interesse em comemorar a data em casa, com um almoço ou jantar, tornando a ocasião mais simples, barata e reservada.
Com apenas 2% dos entrevistados afirmando que irão a bares e restaurantes no Dia dos Pais, o setor deve ser um dos mais impactados devido ao novo coronavírus. “De fato, é o segmento que mais vai sofrer. A gente ainda tem uma conjuntura de pandemia que vai fazer com que algumas pessoas evitem ir a bares e restaurantes, trocando-os pelo almoço na própria residência, por considerar mais seguro”, explicou o economista da Fecomércio-PE, Rafael Ramos.
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De acordo com a pesquisa, 64% das famílias pretendem comemorar o Dia dos Pais, uma queda de 12 pontos percentuais em relação ao ano passado. O motivo mais apontado para que não haja comemoração foi a ausência do pai, com o mesmo estando falecido ou desconhecido (44,3%), seguido pela continuidade da adesão ao isolamento social (29,2%). Entre os motivos ligados à questão financeira, a falta de dinheiro e o alto custo dos itens - presentes e comidas - foram as razões mais citadas pelos entrevistados como fator para não celebrar a data.
Apesar de menor em comparação ao ano passado, a intenção de comemorar o Dia dos Pais está maior do que em outras datas comemorativas que aconteceram durante a pandemia, como o Dia dos Namorados e o São João. Rafael Ramos explica que isso se deve, em parte, ao pagamento do auxílio emergencial. “Apesar de aprovado em abril, o auxílio não tinha atingido tantas famílias a tempo das comemorações. Para o Dia dos Pais, porém, as pessoas já estão na terceira ou quarta parcela, quitando o que tinham de urgente e tendo um incentivo a mais para comemorar a data”, afirmou o economista.
Além do benefício, a flexibilização nas medidas de isolamento social garantiu o almoço do Dia dos Pais na família Silva. “No Dia das Mães estávamos sem trabalhar, então a ocasião foi mais apertada. Agora poderemos comemorar os dois dias juntos e com a família por perto, que é o que importa”, finalizou Ricardo.