ELEIÇÕES 2022

Como a Bolsa e o dólar devem reagir no segundo turno? Veja as previsões de analistas

Mercado espera que Lula faça acenos ao Centro

Bolsa de valores de São PauloBolsa de valores de São Paulo - Foto: Luiz Prado/Divulgação/BM&FBOVESPA;

O resultado da corrida presidencial bem mais acirrado do que apontavam as pesquisas e o destaque de nomes ligados ao bolsonarismo nas eleições para o Congresso Nacional e os governos estaduais devem levar a uma valorização de ativos brasileiros, avaliam analistas de bancos e corretoras.

Na manhã desta segunda-feira, o dólar chegou a cair 3%, a Bolsa operava em alta e as ações da Petrobras dispararam mais de 8% nas primeiras horas de negociação após o resultado do primeiro turno das eleições.

A percepção é que uma vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Jair Bolsonaro (PL) se tornou mais desafiadora do que o previsto, o que deve levar o petista a sinalizações mais pragmáticas na economia. Além disso, no caso de vitória de Lula, o Congresso centrista deve impedir mudanças drásticas, sobretudo no fiscal, avaliam os especialistas.

Veja o que dizem os analistas:

XP Asset Management
Para Julio Fernandes, sócio e gestor dos fundos multimercado macro da XP Asset Management, a disputa apertada entre Lula e Bolsonaro é indiscutivelmente um “resultado surpreendente para o mercado” e deve embalar um rali dos ativos locais na segunda-feira. “Bolsonaro está vivo e com chances reais de reeleição”.

“A bolsa deve abrir subindo bem, juros longos cedendo e real apreciando, a depender do desempenho das outras moedas”.

Mauá Capital
Para Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central e sócio da Mauá Capital, o bolsonarismo saiu fortalecido do primeiro turno, à medida que governadores e senadores ligados ao presidente Jair Bolsonaro venceram o pleito por todo o país.

"Essa configuração, aliada a uma eleição bem mais acirrada, deve se refletir positivamente nos mercados".

Isso porque, mesmo num cenário Lula, onde há dúvidas sobre o compromisso fiscal por parte do mercado, a configuração que se desenhou para o Congresso impediria mudanças muito drásticas.

“O resultado que saiu hoje indica que, se for Bolsonaro, continua a agenda de reformas, mas se for Lula, é um Lula mais ao centro, o que é uma coisa positiva”, escreveu.

Legacy Capital
Segundo Gustavo Pessoa, analista da Legacy Capital, “Lula vai ter que migrar mais pro centro, sinalizar um plano de governo mais ponderado. Vai precisar ganhar eleitorado de centro”.

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Franklin Templeton
Frederico Sampaio, diretor de investimentos de renda variável da Franklin Templeton no Brasil, avalia que Lula está bem posicionado e ainda é favorito, mas, no mínimo, terá de ser mais moderado em sua agenda. "E isso é excelente para o mercado”.

A composição do Congresso também parece positiva, dificultando possíveis retrocessos na área econômica. Ele acredita que as ações da Sabesp, estatal de saneamento de São Paulo, é uma das que podem se beneficiar.

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Asa Hedge
Para Marcio Fontes, gestor do Asa Hedge, a surpresa no resultado das eleições não foi vista apenas na disputa presidencial, mas também nas votações para senador, governador e deputados. Para ele, “candidatos ligados a uma maior ortodoxia econômica surpreenderam e isso vai ser visto pelo mercado de maneira positiva”.

RPS Capital
Na avaliação de Victor Candido, economista-chefe da RPS Capital, “a principal leitura é a de que Lula, se vencer no segundo turno, não sairá tão forte quanto se imaginava”.

Ele pondera que o exterior deve seguir uma influência negativa, mas isso não deve impedir “um rali sem exageros” na Bolsa, fechamento da curva de juros e câmbio melhor.

Candido destaca que a configuração eleita para o Congresso, majoritariamente de centro, deve ajudar no bom desempenho.

Estatais federais, como Petrobras e Banco do Brasil, e estaduais, com destaque para Sabesp, devem ter dia positivo hoje, diz.

Aegon Asset Management em Chicago
“O foco do mercado agora mudará novamente para as urnas e como as expectativas evoluem entre Lula e Bolsonaro”, diz Jeff Grills, chefe de dívida de mercados emergentes da Aegon Asset Management.

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Ele pondera, porém, que "pode haver um breve rali de alívio, mas os ativos brasileiros serão influenciados principalmente pelos mercados globais”.

“Os mercados esperam mais sinais de uma pausa no ciclo de alta dos banco centrais de mercados desenvolvidos, o que não acredito que eles terão, então os ativos de risco provavelmente permanecerão vulneráveis”.

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