EUA

Como processo na Georgia pode afetar tentativas de Trump de se autoperdoar ou assumir Presidência?

Trump não poderia se perdoar de uma eventual sentença em caso de reeleição

Donald TrumpDonald Trump - Foto: Ed Jones/AFP

O ex-presidente dos EUA Donald Trump foi acusado criminalmente pela quarta vez, nessa segunda-feira (14), pela tentativa de interferência eleitoral na contagem de votos do estado da Geórgia, parte de um esforço mais amplo para reverter o resultado das eleições de 2020. A acusação, no entanto, não impede seus planos de voltar à Casa Branca em 2024.

Embora na Constituição americana não exista nada que impeça um réu de concorrer à Presidência da República, o processo na Geórgia é diferente dos julgamentos federais em que o ex-presidente está implicado. Mesmo em caso de vitória nas eleições de 2024, se fosse condenado, ele não poderia perdoar a si mesmo ou fazer com que a Procuradoria retirasse as acusações, por se tratar de um caso estadual.

Entenda as consequências que as acusações podem ter para Trump:

Trump poderá concorrer à Presidência?
Sim. Não há nada na Constituição dos Estados Unidos que impeça um réu de concorrer à Presidência da República. Os únicos critérios listados pela Carta são que o postulante deve ser um cidadão nato americano e ter mais de 35 anos. Portanto, mesmo que venha a ser condenado, Trump poderia eventualmente voltar a à Casa Branca caso seja eleito.

Se condenado, ele pode ser impedido de exercer o cargo?
Não. Não há nada na Constituição dos Estados Unidos que impeça um condenado de assumir a Presidência da República. No entanto, seria possível desqualificá-lo por meio da 14ª emenda, que diz que alguém não pode ocupar o cargo se tiver prestado juramento à nação, como fez Trump quando foi empossado, e se envolver em “insurreição ou rebelião” contra o país.

O que acontecerá se Trump vencer a eleição em novembro de 2024?
Se Trump assumir a Presidência dos EUA enquanto as acusações ainda estiverem pendentes contra ele, é provável que ele aja para se livrar delas rapidamente — por exemplo, poderia nomear um procurador-geral que demitiria o promotor especial Jack Smith, responsável por duas das quatro acusações criminais contra Trump.

Se Trump já tivesse sido condenado, ele também poderia, teoricamente, perdoar a si mesmo, embora essa ideia legal nunca tenha sido testada. Há ainda um outro problema: o Departamento de Justiça defende que um presidente em exercício não pode ser processado, mas não está claro como isso afetaria um processo contra um ex-presidente que começou quando ele estava fora do cargo.

O processo judicial na Geórgia acrescenta um novo elemento nesta soma. Mesmo em caso de vitória nas eleições de 2024, se fosse condenado, ele não poderia perdoar a si mesmo ou fazer com que a Procuradoria retirasse as acusações, porque trata-se de um caso em um tribunal estadual, sobre o qual o governo federal não tem autoridade.

O que as acusações mais recentes significam para a campanha de reeleição de Trump?
Legalmente, as acusações não impedem Trump de continuar concorrendo à Presidência. Trump já era o primeiro ex-presidente dos EUA a ser formalmente acusado de um crime desde março, num caso envolvendo um suposto suborno à ex-atriz pornô Stormy Daniels, e depois pelo manuseio ilegal de documentos secretos quando deixou a Casa Branca e o processo federal por tentar reverter o resultado das eleições de 2020.

Se condenado, Trump poderia votar para presidente em 2024?
Provavelmente não. Ele é um eleitor registrado na Flórida, o que proíbe qualquer pessoa condenada por um crime de votar enquanto estiver cumprindo uma sentença criminal. Para votar, os condenados devem cumprir sua sentença, incluindo liberdade condicional e liberdade provisória, e reembolsar quaisquer custos associados ao seu caso.

O que acontece se Trump for a julgamento durante as primárias presidenciais?
Não está claro que impacto um julgamento teria na campanha de Trump. Analistas acreditam que seria a melhor chance de educar o público americano sobre como o ex-presidente tentou subverter os resultados da eleição de 2020, com assessores e aliados importantes forçados a testemunhar sob juramento. Por outro lado, o julgamento não seria televisionado, já que os tribunais federais não permitem câmeras nas sessões, e Trump também poderia continuar realizando grandes comícios à noite e nos fins de semana.

O que acontecerá se Trump for considerado culpado depois de ganhar a indicação do Partido Republicano?
É improvável que uma condenação de Trump após ganhar a indicação do Partido Republicano tenha algum efeito prático, já que, certamente, ele apelará do caso até a Suprema Corte, onde há uma supermaioria conservadora. A condenação, provavelmente, apenas aumentaria os esforços para desqualificá-lo sob a 14ª emenda.

Como fica a defesa de Trump em tantos processos?
Atualmente, Trump enfrenta quatro acusações criminais, cada uma delas em um estado: Nova York, Flórida, Washington D.C. e Geórgia. Em julho, um juiz federal rejeitou uma tentativa dos advogados do ex-presidente de mover um processo criminal pendente contra ele, em Manhattan, de um tribunal estadual para um tribunal federal, sob o argumento de que ele era presidente na época dos fatos.

A interposição de defesa para cada caso está esvaziando o caixa da campanha de Trump. O comitê de arrecadação de fundos, o "Comitê Conjunto de Arrecadação de Recursos Trump Save America", gastou mais de US$ 20 milhões em custos judiciais — valor cinco vezes maior ao que restava no fim de junho para o fundo da campanha.

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