Companhias de tecnologia ganham espaço na Bolsa brasileira, diz Itaú BBA
Quarentena mostrou o quão importante é investir em negócio digital, disse diretor de banco de investimentos do Itaú BBA
O setor de tecnologia deve ganhar maior espaço na Bolsa de Valores brasileira, afirmaram executivos do Itaú BBA. Também existe a expectativa de que empresas menores e mais novas do segmento vão conquistar a atenção dos investidores.
O movimento, segundo os executivos, já pode ser visto no maior apetite dos brasileiros pela aplicação de recursos em ações de tecnologia, como papeis da Apple e do Facebook, via BDRs, sigla em inglês para recibos depositários de ações, certificados que permitem investir em ações listadas em outros países.
Este tipo de investimento estava restrito a investidores qualificados, que têm mais de R$ 1 milhão aplicados ou formação profissional para atuar no segmento. Desde agosto, quando a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) liberou os papéis para qualquer tipo de investidor, cresce a demanda de brasileiros por ações estrangeiras.
"A própria experiência da quarentena mostrou o quão importante é investir em negócio digital", afirma o diretor de banco de investimentos do Itaú BBA, Roderick Greenles. "Até 2019, as pessoas achavam que o brasileiro não estava disposto a pagar múltiplos tão altos quanto aqueles das companhias de tecnologia, mas este paradigma foi quebrado."
Segundo ele, esse novo movimento tende a chegar aos novos negócios. "A expectativa é que vejamos cada vez mais startups ou companhias com poucos anos de vida abrindo capital em 2021", afirma.
Entre os bons exemplos de empresas do setor que abriram capital neste ano estão Locaweb, que listou suas ações na Bolsa em fevereiro, Méliuz e Enjoei.com, que estrearam na B3, a Bolsa brasileira, em novembro.
Além disso, outras companhias do segmento ainda aguardam pelo aval da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para abrirem o capital na Bolsa ou, como se diz no jargão do mercado, fazer o IPO (sigla em inglês para Initial Public Offering, oferta inicial de ações). Entre elas está a Bemobi Mobile Tech, por exemplo, empresa que atua na distribuição e monetização de aplicativos.
O otimismo também se alastra para outros setores. Segundo os executivos do Itaú, a expectativa do mercado é de que 25 novas ofertas aconteçam já no primeiro trimestre do ano que vem. Para o ano, a estimativa quase chega a triplicar: de 50 a 70 novas ofertas.
"É atípico, por ser um número grande, mas, de certa forma, reflete as boas condições de mercado", afirma Greenles. "Estamos mais confiantes não só pelo maior número de emissores, mas pela volta dos estrangeiros, e obtivemos um bom número em 2021, em linha ou até melhor do que 2020."
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Segundo dados do Itaú BBA, 55 ofertas já aconteceram neste ano até o meio de dezembro.
Em relação ao mercado de renda fixa, os executivos afirmam que o cenário ainda depende de uma certeza maior em relação à vacina contra o coronavírus no país e os avanços dos ajustes fiscais.
Segundo o diretor de renda fixa do Itaú BBA, Felipe Wilberg, a depender do comportamento da economia e das perspectivas de imunização da população, há uma tendência de queda na alocação de recursos em CDBs (Certificados de Depósitos Bancários).
"Com o PIB [Produto Interno Bruto] subindo 3% no ano que vem e a vacina, os investimentos em CDBs tendem migrar para outros ativos de renda fixa, imóveis ou Bolsa", diz.
Segundo o Itaú BBA, os investimentos em CDBs subiram 55,9% de janeiro a outubro deste ano, para R$ 1,384 trilhão. Os fundos de crédito privado, por sua vez, registraram queda de 23,8% no mesmo período, para R$ 511 bilhões.
"Tenho expectativa de que, com os custos de crédito caindo, apareçam mais ofertas das companhias e mais pessoas físicas querendo comprar ativos", afirma Wilberg. "E ainda existe um empoçamento muito grande de recursos e esse dinheiro tende a ser invertido para um investimento em fundos, por exemplo."