Confira novas áreas de atuação da tecnologia da informação. Veja habilidades e onde aprender
Levantamento revelou que o setor de TI deverá lidar com uma alta demanda por profissionais qualificados durante os próximos dois anos
Computação em Nuvem, Big Data e Ciência de Dados, Machine Learning, Blockchain, Internet das Coisas, entre outros. Todos esses nomes podem soar muitos estranhos ou até uma “americanização” da nossa língua que faria o saudoso escritor Ariano Suassuna se arrepiar. Mas para quem tem um pouco de convivência com o mercado de tecnologia da informação e comunicação, elas representam não um futuro distante. Mas, sem dúvidas, o ‘agora’ do setor. E quem está preparado para atuar como especialista em cada uma dessas áreas, pode ter certeza: não faltam empregos e os salários e benefícios são bem convidativos.
Um levantamento realizado pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) revelou que o setor de Tecnologia da Informação (TI) deverá lidar com uma alta demanda por profissionais qualificados durante os próximos dois anos. Até 2024, a expectativa é que cerca de 420 mil vagas sejam abertas. O Porto Digital, por exemplo, tem cerca de 1,5 vagas em aberto porque não há profissionais qualificados o suficiente para preenchê-las. No entanto, não é necessário ir muito longe para se tornar um profissional com capacidade de ingressar nesse mercado. Projetos inovadores como o Cesar School ou o Embarque Digital mantêm Pernambuco na dianteira do setor.
Segundo o Diretor Executivo da CESAR School – braço educacional do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR), Felipe Furtado, as competências aprendidas pelos alunos da instituição não se destinam à atuação somente no mercado propriamente dito, mas também nas empresas que estão passando pelo processo de transformação digital. “Nesse processo, as organizações passam a contar com uma quantidade e uma qualidade de informações muito maior. É preciso ter profissionais que saibam como utilizar esse instrumento”, explica. Ou seja, não basta digitalizar os processos. É preciso tirar o melhor proveito disso.
Furtado diz que, por fazer parte do ecossistema do Porto Digital, a instituição está permanentemente ouvindo as empresas do setor para desenhar cursos voltados para a demanda. Formar profissionais para os setores já citados nesta matéria é um exemplo. O diretor traduz: “Big Data e Ciência de Dados, considerado o novo petróleo do mundo. Por meio dele, é possível entender padrões de comportamento que costumam ser imperceptíveis, mas que são essenciais para a maioria dos negócios. Os profissionais que estudarem sobre o tema irão entender como os dados influenciam no processo decisório das organizações, como contextualizar ciência de dados e como identificar os tipos de problemas que podem ser resolvidos”, explicou Furtado.
Já o Machine Learning possibilita a compreensão de como as máquinas e os computadores aprendem e os profissionais que se especializam na área estão aptos a identificar os usos cotidianos da Inteligência Artificial. O estudo do Blockchain, tecnologia que registra as transações e o rastreamento de ativos, mostra cada componente que integra esta tecnologia revolucionária e deve ganhar destaque ainda mais no próximo ano.
“A Internet das Coisas discute sobre coisas e dispositivos do nosso dia a dia que estão na Internet, trocando informações e criando novas experiências e cenários e, às vezes, a gente nem percebe”, explica o diretor. E a Computação em Nuvem, que possibilita, por exemplo, o uso de buscadores ou sites de streaming por milhares de pessoas ao mesmo tempo, também deverá avançar significativamente no próximo ano. Além de dois cursos de graduação, Ciência da Computação e Design, o Cesar School ainda oferece especialização, mestrado e doutorado. Furtado ressalta que, além do conhecimento técnico, os profissionais também devem aprender sobre áreas como liderança, gestão de pessoas, resiliência, inteligência emocional, entre outras.
Défict exposto
O déficit de mão de obra para atender as empresas de Tecnologia não é um fato novo. Mas antes da pandemia do Coronavírus, muitos profissionais recusavam convites de grandes organizações do mundo todo porque tinham dificuldades em sair de Pernambuco, ou até mesmo do País, e de deixar famílias e amigos, por exemplo. “A pandemia do Coronavírus expôs ainda mais esse gargalo porque ficou mais comum o trabalho em sistema de homeoffice”, explica o presidente do Centro de Excelência em Tecnologia de Software do Recife (Softex), Yves Nogueira.
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Nogueira ressalta que o “roubo” de talentos precisa de uma solução não apenas regional, mas em nível nacional. Em dezembro de 2021, o setor lançou um manifesto alertando as autoridades sobre o risco de um “apagão” de recursos humanos. O documento lembra que, desde 2018, o Tribunal de Contas da União já alertava para ausência de estrutura de coordenação das políticas federais de fomento à inovação. “Faltam políticas públicas que resultem, por exemplo, em uma melhor preparação dos alunos para atuar na área desde a sua formação básica”, reforça.
O presidente do Softex informou que a entidade, junto com outros atores desse ecossistema, está preparando um projeto para criar um programa de capacitação de mil profissionais no que poderia ser chamado de “residência de software” – voltado para a população de renda. A expectativa é de o seu lançamento ocorra ainda neste primeiro trimestre de 2022.
Embarque Digital
Terminam nesta segunda-feira (14), as inscrições para quem quiser participar do programa Embarque Digital - que vai oferecer curso de graduação para os egressos do sistema de ensino público do Recife. As inscrições são gratuitas e são feitas, exclusivamente, pela internet através do site www.portaldaeducacao.recife.pe.gov.br/embarquedigital ou do aplicativo Conecta Recife.
Desenvolvido pela Prefeitura do Recife e Porto Digital, o programa tem como foco principal a formação de nível superior na área de tecnologia, gerando mais empregabilidade para quem quer entrar no mercado de trabalho. Neste primeiro semestre de 2022, o programa disponibiliza 350 novas vagas nos cursos de Sistemas para Internet e Análise e Desenvolvimento de Sistemas - 150 vagas a mais que a primeira edição. Os principais requisitos para participação no Embarque Digital são residir na cidade do Recife; ter cursado todo o ensino médio na rede pública; ter concluído o ensino médio nos últimos cinco anos; e ter realizado o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) entre os anos de 2017 e 2021 ou o Sistema Seriado de Avaliação (SSA) entre os anos de 2017 e 2020.
Estudantes que estejam matriculados em instituições de ensino superior - e que atendam aos requisitos de participação no Embarque Digital - também podem participar da seleção do programa, seja para estudar apenas o curso de tecnologia ou mesmo como segunda graduação. Metade das vagas são destinadas para pessoas negras ou pardas. E, em caso de empate - seja entre os que se inscreveram com cota ou na ampla concorrência - o primeiro critério de desempate é ser mulher. Os outros critérios de desempate incluem ter concluído o ensino médio em escola pública localizada na cidade do Recife; ter concluído o ensino fundamental em escola pública; e o candidato que tiver a maior idade.