Conselho da Petrobras substitui líder do Comitê de Auditoria em reunião sem explicações
Segundo fontes, a mudança seria uma espécie de retaliação a conselheiro Francisco Petros
O Conselho de Administração da Petrobras alterou o comando de um de seus comitês mais importantes, o de Auditoria Estatutária (CAE), em reunião realizada na última sexta-feira. Na estatal, os comitês funcionam para auxiliar os trabalhos dos conselheiros.
Uma das funções do CAE é monitorar a qualidade e a integridade dos mecanismos de controle interno, das demonstrações financeiras, dos gastos da empresa, das denúncias e do resultado dos planos mantidos pelo fundo de pensão da estatal.
Na reunião, segundo fontes, a mudança no CAE foi pautada por Pietro Mendes, presidente do Conselho de Administração da estatal e pessoa de confiança de Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia (MME). Sem dar explicações, ele propôs a retirada de Francisco Petros do comando do CAE, cujo mandato iria até abril de 2025.
Não houve justificativa para a mudança, confirmou outra fonte.
Pietro sugeriu para o lugar de Petros o nome de Jerônimo Antunes, que, assim como Petros, também é representante dos acionistas minoritários. Todos os conselheiros votaram a favor da proposta de Pietro, exceto o próprio Petros e Marcelo Gasparino, conselheiro que também representa os minoritários.
Segundo fontes, não foi dada uma explicação ou justificativa durante a reunião, pegando parte dos conselheiros de surpresa.
Outra fonte ouvida pelo Globo revelou que a retirada de Petros é uma espécie de “retaliação” pelo comportamento do conselheiro, que nas reuniões internas vem pedindo mais transparência à companhia.
Recentemente, ele defendeu a necessidade da realização de uma assembleia para chancelar Magda Chambriard no comando da estatal.
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Além da retirada de Petros, foi aprovada também a mudança para que o Comitê tenha maioria de membros externos, o que na prática já vinha ocorrendo desde 2023.
“A alteração foi amparada por parecer jurídico favorável e está aderente às melhores práticas de mercado adotadas por outras companhias cuja composição do CAE tem maioria de membros externos”, disse o Conselho de Administração da estatal em nota.
Outra fonte do setor apontou forte preocupação com a governança da empresa, que vem tendo cada vez mais influência do Ministério de Minas e Energia, sobretudo nas indicações dos diversos comitês que fazem parte da estatal.
O colegiado da estatal destacou ainda que “não houve em mais de um ano, durante a presidência do Conselheiro Francisco Petros, nenhuma manifestação sobre suposta irregularidade na composição do CAE, só sendo apresentado descumprimento do regimento interno após a proposição de sua substituição”.
O Conselho afirmou ainda que houve eleição para os novos conselheiros em abril deste ano, sendo necessário “mudar a composição dos comitês”.
O Conselho destacou que Antunes é o maior especialista em auditoria e contabilidade entre todos os conselheiros. “Além de ser conselheiro independente eleito pelos minoritários, é professor doutor de contabilidade da USP” com experiências na Eletrobras e na Vibra.