Conselho Estadual discute ações e oficializa a criação da Câmara Especial de Turismo Religioso
Durante o encontro, o guardião do Convento de São Francisco, Frei César Lindemberg e o reitor da Unicap, padre Pedro Rubens, apresentaram o projeto do Ecoparque das Religiões
A 66ª reunião do Conselho Estadual de Turismo de Pernambuco (Contur-PE), realizada na manhã desta quarta-feira (28), no auditório do Convento de São Francisco, em Olinda, marcou um avanço nas discussões sobre o turismo religioso no Estado. Com a presença do secretário de Turismo e Lazer de Pernambuco, Daniel Coelho, os 25 conselheiros aprovaram, por unanimidade, a criação da Câmara Especial de Turismo Religioso.
Abrindo os trabalhos, o guardião do Convento de São Francisco, Frei César Lindemberg e o reitor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), padre Pedro Rubens, apresentaram o projeto do Ecoparque das Religiões, que pretende criar um ambiente para a promoção de um roteiro turístico, ecológico, educativo e inter-religioso no terreno arborizado pertencente ao Convento de São Francisco.
“Esse encontro é um marco nas discussões sobre turismo religioso em Pernambuco. A realização desse evento aqui no Convento de São Francisco, primeiro convento franciscano do Brasil, datado de 1585. São pérolas da nossa história e da nossa cultura que precisam muito ser valorizadas”, destacou Daniel Coelho.
Antes de abrir espaço para o debate entre os conselheiros, o secretário fez uma breve prestação de contas das ações de Turismo em Pernambuco no São João e na Fenearte, e apresentou resultados da Malha Aérea e da Câmara Temática Especial de Ecoturismo e Turismo de Aventura.
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Ecoparque das Religiões
Inspirado no conceito da Ecologia Integral do Papa Francisco e nas ideias de diálogo entre religiões de Dom Helder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife entre os anos de 1964 e 1985, bem como na atuação do padre jesuíta Fred Solon, a parceria entre a Unicap e o Convento de São Francisco visa promover a tolerância entre as crenças e fomentar o turismo religioso em Pernambuco.
O Ecoparque das Religiões é um projeto de educação para o diálogo intercultural e inter-religioso. Sua concepção conta com o Fórum Diálogos que se formou há mais de 10 anos na Unicap para incluir representantes das religiões em seu Conselho Consultivo. É um projeto de educação no âmbito da cultura, que surgiu por uma associação da sociedade civil.
A ideia é criar um centro cultural sob o moderno critério de museu dinâmico e interativo, voltado para as experiências de sagrado. Inspirado em projetos de modernos parques e museus, o local será mediado por tecnologias de interação, com espaço educativo e “macroecumênico”.
“Em meio à natureza, será desenvolvido um espaço de meditação, recolhimento e estudo; de reposição das energias psicoafetivas e espirituais. Será possível observar a universalidade do fenômeno religioso, propiciando o diálogo entre as diferentes tradições”, diz o texto de apresentação do projeto.
“Esse projeto do Parque das Religiões é um sonho de Dom Helder enquanto ele era arcebispo, que foi sendo mantido pelo grupo Parque das Religiões e no ano passado iniciamos essa parceria com a Universidade Católica”, conta Frei César. Segundo ele, a eleição do Papa Francisco, primeiro jesuíta a ocupar o posto máximo da Igreja Católica que não por acaso escolheu esse nome, aproximou jesuítas e franciscanos. “É um apelo do Papa e do templo, pois é preciso sonhar com a paz e com o diálogo”, explica o frei.
“A ideia é criar um equipamento turístico ligado ao lazer e à formação. Esse Parque quer ser um museu, um centro cultural, em contato com a natureza, em um espaço maravilhoso de quase três hectares onde se encontra a primeira fonte de Olinda, que precisa ser descoberta. A gente pensa em trazer as pessoas para uma nova cultura religiosa, que é a co-existência das religiões”, exlica o reitor da Unicap, padre Pedro Rubens.
Detalhes do projeto
O projeto do Ecoparque das Religiões já foi protocolado na Lei Federal de Incentivo à Cultura (Rouanet) para captação de recursos. A proposta é construir tendas temáticas com exposições de longa duração sobre diversos temas relativos às diversas religiões, como “Personagens divinos”, “Calendários e rituais sagrados”, “Povos e religiões”, entre outros. Também haverá área destinada a administração, lojas, praça de alimentação, anfiteatro e biblioteca especializada.
Nenhuma religião terá uma sala específica, pois a abordagem temática será transversal, visando promover uma sociedade pluralista, multicultural, miscigenada e democrática. O equipamento será erguido no Sítio do Convento São Francisco, em Olinda, o primeiro convento franciscano do Brasil, com aproximadamente 3 hectares, um terreno bem arborizado, com uma fonte de água secular e vista para o mar de Olinda.
O museu será uma associação educativa e sem fins lucrativos, com cessão de uso do terreno para a construção das instalações.
São previstos três órgãos colegiados para a gestão do museu Ecoparque das religiões: o Conselho Gestor formado por educadores e pessoas de diferentes profissões, identificadas com o projeto do Museu; o Conselho Científico com cientistas, intelectuais, professores, pesquisadores e pessoas dedicadas à extensão e a atividades práticas dos estudos de religião; e o Conselho Consultivo, formado por lideranças das tradições religiosas e espirituais que exercem funções em diversas instituições. Elas atuarão como consultoras nas instalações que devem integrar o Museu Parque das Religiões.