Consumo de café cresce 1,1% no Brasil em 2024, mesmo com alta de preços
Nos próximos dois meses, expectativa da Abic, associação que representa produtores, é de aumentos entre 20% e 30%
Mesmo com aumento de preços do café de 37,4% na prateleira dos supermercados, o consumo do produto cresceu 1,1% no país, ano passado, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC).
Foram consumidas 21,9 milhões de sacas frente aos 21,6 milhões de 2023.
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O Brasil fica apenas atrás dos Estados Unidos, que consome anualmente 26 milhões de sacas.
— Quando se observa o consumo per capita, ele reduziu 2,2% de 6,4 kg para 6,26 kg. Mas isso aconteceu porque a população cresceu — disse o presidente da ABIC, Pavel Cardoso.
Ele estima que haverá novos repasses de preços ao consumidor, nos próximos dois meses, já que apenas no ano passado a matéria-prima (café verde sem beneficiamento) subiu 116,7%.
Nos últimos quatros anos, quando as safras dos principais produtores mundiais foram afetadas por problemas climáticos, como secas ou chuvas mais fortes, a matéria-prima aumentou 224% enquanto os preços no varejo subiram 110%.
O preço do café é regulado nas Bolsas de Valores de Nova York e de Londres.
Mais aumentos
O consumo mundial do produto chega a 170 milhões de sacas/ano e cresce 2% a cada 12 meses, o que significa um aumento de mais de 3 milhões de sacas por ano.
A alta da demanda global também vem pressionando preços.
— A expectativa é de aumentos entre 20% e 30% nos próximos dois meses. De maio a setembro, acontece a colheita e depois teremos uma visão mais clara do que será a safra de 2026, que tem expectativa de crescer. Se isso acontecer, só então haverá alívio de preços ao consumidor — disse Cardoso, lembrando que com faturamento maiores os produtores investem em produtividade e trocam pasto por plantações de café.
A Abic avalia que com uma nova rodada de aumento de preços, haverá impacto no bolso do brasileiro, mas não consegue estimar se haverá redução de consumo. O brasileiro consome, em média, 1.430 xícaras de café por ano. A região Sudeste responde por 41,7% do consumo, a maior fatia, seguida pelo Noredeste, 26,9%.
— No ano passado, o país consumiu 40,4% da safra brasileira, enquanto em 2023, esse percentual foi de 39,4% — observou o presidente da Abic, lembrando, que com preços em alta no mundo e valorização do dólar, a receita dos produtores brasileiros em 2024 subiu mais de 60%.
A Abic alerta aos consumidores sobre a venda de "café fake", produtos que não estão registrados no Ministério da Agricultura ou na Anvisa.
O "café fake" mistura palha e outros elementos, que fazem mal à saúde. A Abic lembra que no país há 340 mil produtores de café e 1,3 mil indústrias.
Sobre uma possível aumento de tarifas sobre o produto brasileiro no governo do americano Donald Trump, a Abic não acredita em retaliações ao país.
— Estamos otimistas de que não terá taxação ao café brasileiro, que atende a 40% do consumo mundial, inclusive os EUA — disse Cardoso.