Logo Folha de Pernambuco

BRASIL

Conta de luz: custo extra de R$ 4,5 bilhões por ano pode impactar tarifa por três décadas

Projeto prorroga por mais dois anos subsídios às fontes incentivadas, como energia eólica e solar. Texto precisa ser votado pelos senadores até o fim deste mês

dinheirodinheiro - Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Uma medida provisória (MP) aprovada pela Câmara no fim de agosto prorroga o subsídio às fontes incentivadas, como energia eólica e solar, e pode gerar um custo extra de ao menos R$ 4,5 bilhões ao ano, ao longo de três décadas, impactando a conta de luz dos brasileiros.

Consumidores das regiões Norte e Nordeste seriam os mais afetados.

Esses subsídios foram criados para incentivar a expansão da matriz energética renovável do Brasil, quando os equipamentos eram caros, a tecnologia nova e havia pouco investimento no setor. Hoje, a energia eólica já representa 12,3% da capacidade de geração instalada no país, e a solar, 3%.

Já aprovado na Câmara e criticado por especialistas, o texto precisa ser votado no Senado até o fim deste mês para entrar em vigor.

“Mais dois anos de subsídio significarão, pelo menos, um adicional de R$ 4,5 bilhões, por ano, que ficarão nas tarifas por 30 anos, dado esse ser o período das outorgas beneficiadas pelas alterações”, afirma a Aneel.

Os subsídios do setor elétrico são reunidos na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Hoje, 95% do fundo é custeado por todos os consumidores de energia por meio das contas de luz. Sozinho, isso foi responsável por uma alta média de 4,65% nas tarifas de energia das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste neste ano, na comparação com 2021.
 

Entre 2017 e 2022, os subsídios do setor elétrico dobraram de valor, passando de R$ 15,99 bilhões para R$ 32,1 bilhões. No mesmo período, os subsídios às fontes incentivadas praticamente quadruplicaram, passando de R$ 2,15 bilhões para R$ 7,93 bilhões.

A agência afirma que já há uma grande quantidade de geração renovável contratada para os próximos anos. Já existem em outorgas aprovadas 81 gigawatts (GW) de energia solar, eólica e pequenas centrais hidrelétricas, que ainda não entraram em operação comercial, e outros 160 GW de pedidos de outorga em análise, distribuídos em milhares de projetos, um sinal de que existe interesse do setor privado pelas fontes.

“As outorgas aprovadas e as em análise representam, respectivamente, 43% e 86% da potência instalada atual do país, o que significa que a oferta com direito a desconto será suficiente para atender o crescimento da demanda do país por décadas e, portanto, a única restrição ao crescimento dos subsídios seria o limite temporal”, afirma a Aneel.

Tarifas de transmissão
Em 2022, houve um aporte extraordinário de R$ 5 bilhões na CDE em razão da privatização da Eletrobras. Porém, em 2023, o valor cai para R$ 530 milhões, o que também significa, na prática, ampliação do valor de CDE a ser pago pelos consumidores.

“A proposta de prorrogação (de subsídios) amplia o cenário de elevação dos custos da CDE e não há sinalização de recursos (aportes) para a CDE, o que inevitavelmente resultará em aumento tarifário”, afirma a Aneel.

A medida provisória também impõe a estabilização das tarifas de uso do sistema de transmissão a serem pagas pelos geradores, uma espécie de “congelamento” dessas tarifas por todo o período de outorga, ou seja, 30 anos, que teria correção apenas pelo índice inflacionário. Para a Aneel, a consequência direta é que o custo da expansão do sistema de transmissão recairá sobre os consumidores.

Por último, a MP interrompe uma mudança no cálculo das tarifas de transmissão que beneficiaria especificamente consumidores do Norte e Nordeste. Essa interrupção impedirá a redução das tarifas dos consumidores do Nordeste em 2,4% e do Norte em 0,8%.

Veja também

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde
Bolsa de Nova York

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde

Câmera de segurança filma momento em que robô com IA convence outros a "deixarem seus empregos"
IA

Câmera de segurança filma momento em que robô com IA convence outros a "deixarem seus empregos"

Newsletter