Copom eleva Selic em um ponto percentual a 12,75%, maior taxa desde fevereiro de 2017
Elevação faz a taxa atingir o maior patamar em cinco anos
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central voltou a aumentar nesta quarta-feira (4) a Selic, taxa básica de juros, em um ponto percentual, para 12,75%, situando-a em seu nível máximo desde fevereiro de 2017, para combater a alta da inflação.
O aumento, comunicado ao final de uma reunião do Copom, é o décimo consecutivo desde o início do ciclo de altas em março de 2021, quando a Selic se encontrava em um piso histórico de 2%.
"A inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente", informou o Copom em um comunicado, replicando sua observação de março passado.
"Essa surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como nos itens associados à inflação subjacente" ou de menor variação, acrescentou o Copom.
A nova movimentação, já prevista pela autoridade monetária e de acordo com o consenso do mercado, é da mesma magnitude da de março, quando o Comitê moderou o ritmo da escalada em relação aos três saltos anteriores.
A Selic alcançou, assim, seu nível mais alto desde fevereiro de 2017, quando estava a 13%.
Trata-se, no entanto, de um dos últimos aumentos da taxa deste ciclo de ajuste monetário, que as autoridades do BCB prolongou para tentar conter uma inflação disparada.
"Para a próxima reunião (em junho), o Comitê antevê como provável uma extensão do ciclo (de altas) com um ajuste de menor magnitude", informou o Copom em sua nota na qual, no entanto, destacou que a conjuntura atual de incertezas requer maior cautela.
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"Pressões inflacionárias"
A taxa de inflação em doze meses até março foi de 11,30%, a maior desde outubro de 2003, após uma nova alta dos preços internacionais dos combustíveis e dos alimentos devido à invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro.
As previsões de alta dos preços ao consumidor para o fim deste ano aumentaram na última semana a 7,89% de 6,97% um mês atrás, segundo o boletim Focus do Banco Central, que estende gradativamente a distância do teto da meta inflacionária de 5% da autoridade monetária.
"O ambiente externo seguiu se deteriorando. As pressões inflacionárias decorrentes da pandemia se intensificaram com problemas de oferta advindos da nova onda de Covid-19 na China e da guerra na Ucrânia", advertiu o Comitê ao justificar sua decisão.
O Copom estabeleceu como objetivo que a inflação fique dentro da meta em 2023, ano para o qual prevê uma inflação de 4,10%, segundo o boletim Focus.
Por isso, algumas consultorias e entidades financeiras estimam que os aumentos poderiam fazer a Selic chegar a 13,25% este ano ou até mais.
Em consequência do aumento dos juros, as perspectivas de crescimento do PIB foram reduzidas a apenas 0,70% este ano, após encerrar 2021 com uma expansão de 4,6%.
"Este novo aumento da taxa de juros deve comprometer ainda mais a atividade econômica, que já dá claros sinais de fraqueza", disse Robson Braga de Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), citado em nota.
O ajuste monetário, acrescentou, "piora as expectativas para o crescimento econômico em 2022, com efeitos adversos sobre a produção, o consumo e o emprego".
Também motivado pelo combate à inflação, o banco central americano (Fed) elevou nesta quarta-feira em meio ponto percentual suas taxas básicas de juros, a uma faixa de 0,75% a 1%, no primeiro aumento desta magnitude desde o ano 2000.