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ECONOMIA

Copom se reúne nesta quarta (1º) em um cenário de incerteza fiscal; entenda o que está em jogo

A edição mais recente do boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de mercado, aponta que a Selic deverá ser mantida em 13,75%

Banco Central do Brasil Banco Central do Brasil  - Foto: Marcello Casal Jr/ Agencia Brasil

Em meio aos receios de uma possível recessão nos Estados Unidos, às incertezas sobre o comportamento da inflação no Brasil e a política fiscal do novo governo, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anuncia hoje a taxa básica de juros, a Selic.

A edição mais recente do boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de mercado, aponta que a Selic deverá ser mantida em 13,75% ao ano pela quarta vez seguida. Os analistas de mercado esperam que a taxa permaneça nesse nível até meados de 2023.

— Começamos a observar uma piora nas métricas inflacionárias. Há a possibilidade do retorno dos impostos relacionados aos combustíveis e isso deve impactar a inflação para o mês de fevereiro e o indicador para o ano de 2023 — disse Igor Cavaca, economista e head de gestão de investimentos da Warren.
 

É a primeira reunião do Copom sob o governo Lula. Na reunião de dezembro, o Comitê esperava que a inflação fechasse 2023 em 5,1%, recuando para 3,5% em 2024. No boletim Focus desta semana, houve aumento nas expectativas.

Agora, a inflação esperada é de 5,74% para este ano e 3,9% para o próximo. Nesse contexto, a expectativa geral do mercado é pela manutenção da taxa básica de juros em patamar elevado (13,75% desde agosto de 2022), buscando conter a nova escalada inflacionária.

Para Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, eventual surpresa na decisão do Copom é “muito improvável” e a taxa Selic deve permanecer em 13,75%. A atenção, por outro lado, é com as sinalizações do BC sobre os próximos passos da política monetária.

— Esperamos um comunicado semelhante ao anterior. O ponto de atenção dos mercados é em como estará o balanço de riscos para inflação, com o aumento das expectativas, e também as indicações para o fiscal — afirma.

A definição da política fiscal do novo governo, para substituir o teto de gastos, é esperada para o primeiro semestre deste ano. Sem detalhes, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já falou em garantir uma trajetória de “credibilidade” e “sustentabilidade” nos gastos do governo.

O ano de 2023 começou com a “PEC da Transição” que ampliou os gastos em R$ 168 bilhões neste ano.

— A PEC, que é expansionista e inflacionária, vai tirar qualquer possibilidade do Roberto Campos Neto (presidente do BC) em reduzir juros. Existe também um elemento de pressão quando Lula ataca diretamente a autonomia do Banco Central. Tudo isso torna a ata do Copom mais interessante de se observar — avalia Bernardo Assumpção, economista e CEO da Arton Advisors.

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