Economia

Credores da Latam devem assumir controle acionário da aérea, que sai da recuperação judicial

Credores principais da empresa aérea devem ficar com dois terços das ações

Avião da LatamAvião da Latam - Foto: Airbus/Divulgação

Com a saída da Latam do Capítulo 11 (a lei de falências e recuperações judiciais dos Estados Unidos) na primeira semana de novembro e o aumento de capital que a companhia aérea fará, os atuais acionistas principais da companhia, Qatar Airways, Delta Air Lines e a família chilena Cueto, serão diluídos perderão o controle da empresa. Um grupo de credores liderados por três fundos passará a ter dois terços das ações.

Os três acionistas passarão a ter cerca de 27% do capital do grupo (hoje, detêm 46,4%). Já os credores da Latam passarão a deter 66% das ações, sendo que três fundos, Sixth Street, Strategic Value Partners e Sculptor Capital, são hoje os que mais detêm créditos da empresa. Os acionistas minoritários devem ficar com o restante, se decidirem aportar mais recursos na empresa no aumento de capital. Com essa modificação acionária, os credores principais vão nomear cinco dos nove membros do conselho de administração da Latam.

O grupo Latam comunicou ao mercado chileno nesta quarta-feira que pretende concluir sua reestruturação financeira no marco do Capítulo 11 (a lei de falências e recuperações judiciais dos Estados Unidos) na primeira semana de novembro e, para tanto, conseguiu novos financiamentos e vai fazer a citada operação de aumento de capital.

Para garantir a saída da recuperação judicial, a Latam precisou ainda emitir mais três instrumentos de dívida para se financiar e poder pagar, ainda nesta quarta-feira, um empréstimo DIP (debtor in possession, concedido em processos de recuperação judicial e que dá ao credor preferência absoluta no recebimento da dívida) contraído durante a reestruturação de aproximadamente US$ 2,95 bilhões. Ao todo, a companhia levanta agora US$ 2,25 bilhões em financiamentos a serem quitados em prazos máximos que variam entre cinco e sete anos. Os recursos serão aportados no grupo também nesta quarta-feira.

Para conseguir pagar o DIP, a empresa vai emitir o que chama de DIP Júnior, um financiamento de US$1,146 bilhão, de curtíssimo prazo: deve ser pago na primeira semana de novembro, quando da saída da Latam do Capítulo 11. A companhia espera pagá-lo com recursos a serem recebidos dos acionistas e de credores.

O montante de US$ 2,25 bilhões será levantado em três operações. A maior delas é um financiamento, chamado de Term Loan B, de US$ 1,1 bilhão, com um prazo máximo de cinco anos, mas que o grupo pode quitar a partir do segundo ano.

Além disso, há US$ 450 milhões levantados com notas garantidas sênior, com vencimento em 2027, e mais US$ 700 milhões de notas garantidas sênior, cujo vencimento é em 20

Segundo a Latam, “como a transação está estruturada, o financiamento a prazo (que representa, aproximadamente, metade de todo o financiamento) poderá ser pago ao valor de face a partir do terceiro ano. A companhia também obteve uma linha de crédito rotativa de cerca de US$ 500 milhões”.

Com os recursos obtidos e o atual caixa da companhia, o grupo Latam espera sair do processo de reestruturação com US$ 2,2 bilhões de liquidez “e uma redução da dívida de cerca de 35% em relação ao que tínhamos quando começamos esse processo”, disse a empresa em nota. Quando pediu recuperação judicial, em julho de 2020, seus débitos listados no processo somavam cerca de US$ 18 bilhões. A dívida financeira era de US$ 11 bilhões.

Em junho, a companhia informou à Comissão para o Mercado Financeiro do Chile (CMF, órgão regulador do mercado de capitais chileno) que a estrutura de financiamento de saída do Capítulo 11 contemplava a contratação de nova dívida sob diferentes modalidades de cerca de US$ 2,2 bilhões, incluindo as notas garantidas e um financiamento a prazo, além de uma nova linha de crédito rotativa de aproximadamente US$500 milhões. Originalmente, as notas foram estruturadas como empréstimos-ponte por montante total de US$ 1,5 bilhão concedido por diversos bancos.

A Latam pretende executar esses empréstimos-ponte, a linha de crédito rotativo e o financiamento a prazo entre esta quarta-feira e a primeira semana de novembro. Os empréstimos-ponte e o financiamento a prazo de US$ 750 milhões serão sacados nesta quarta. O restante na data de saída do Capítulo 11.

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