Logo Folha de Pernambuco

Economia

Credores se unem a bilionário egípcio para tentar definir futuro da Oi

Com R$ 64,5 bilhões em dívidas, a empresa ingressou, em junho, com pedido de recuperação judicial.

Sai de Baixo - O Filme (2019)Sai de Baixo - O Filme (2019) - Foto: Mariana Vianna/Divulgação

Um grupo de credores internacionais da Oi uniu-se ao bilionário egípcio Naguib Sawiris para tentar tomar o controle do processo de reestruturação da empresa, quarta maior operadora celular do país. A associação foi anunciada nesta terça-feira (11).

Com R$ 64,5 bilhões em dívidas, a empresa ingressou, em junho, com pedido de recuperação judicial.

A ideia desses investidores, que detém cerca de R$ 14 bilhões em títulos emitidos pela Oi no exterior, é convencer o governo e os principais bancos credores de que sua estratégia para salvar a operadora é melhor do que a apresentada até então pela companhia.

Atualmente, a Oi é controlada pela Pharol, dos acionistas da Portugal Telecom, e por fundos ligados ao empresário Nelson Tanure.

Pela lei brasileira, quem define a proposta de recuperação judicial que será apreciada pelos credores é a própria empresa. Por isso, o grupo tentará uma manobra. Quer articular nos bastidores adesão à sua proposta de forma a sensibilizar o juiz responsável pelo caso da Oi a colocá-la em votação na assembleia de credores.

Os investidores internacionais contam com dois pontos a seu favor. De um lado, a entrada de Sawiris, empresário com experiência no setor de telecomunicações e dinheiro para investir no país. Ele é dono da Orascom Telecom, operadora fundada em 1997 no Egito e que hoje tem operações também em outros países da África e na Ásia.

De outro lado, a resistência de integrantes do governo ao plano de recuperação já apresentado, que prevê perdão de 70% da dívida. Banco do Brasil, BNDES, Caixa e Anatel são alguns dos maiores credores da Oi, com cerca de R$ 20 bilhões a receber.

Esse grupo de credores internacionais aposta no impasse nas tratativas entre governo e o atual controle da operadora para se colocar como alternativa.

Sawiris tenta se aproximar do governo por meio Naji Nahas, de quem é amigo.

Nahas é próximo do presidente da República, Michel Temer, e do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Os assessores dos credores no Brasil -a firma de consultoria Moelis & Company e o escritório Pinheiro Neto- não deram detalhes sobre o plano.

Segundo a Folha de S.Paulo, o grupo pretende finalizar a proposta em três semanas. Ela incluirá a injeção de recursos na companhia -de US$ 800 milhões a US$ 1 bilhão -e a conversão de dívida em ações, de tal forma que Pharol e Tanure sejam sacados do controle da companhia.

Reação

Nos bastidores, os principais sócios da Oi afirmam que a estratégia dos credores estrangeiros é inócua. Para eles, somente acionistas podem apresentar o plano de recuperação judicial, e ele já foi apresentado à Justiça.

O plano de recuperação que foi apresentado pela Oi não prevê a conversão de dívida em ações, como defendem o Banco do Brasil e a Caixa. Ambos só aceitam dar desconto em seus créditos se a participação dos atuais acionistas for reduzida para acomodar os credores. Mas os controladores não aceitam essa solução.

Disputa

Hoje, a Pharol ainda aparece como maior acionista da Oi com cerca de 25% de participação. Mas o empresário Nelson Tanure, juntamente com fundos de investimento e empresas ligados a ele, já teriam 33% da empresa.

Tanure quer assumir o comando da Oi, convocando uma assembleia geral de acionistas para votar a saída dos portugueses da gestão. Hoje, a Pharol tem seis dos 11 assentos do conselho.

Recentemente, Tanure conseguiu indicar dois conselheiros: Demian Fiocca e Hélio Costa. Ambos aguardam a anuência da Anatel para assumirem os postos.

No governo, essa disputa despertou desconfiança e levou a Casa Civil a criar um grupo de trabalho com representantes dos bancos públicos (BB, Caixa e BNDES) e da Anatel. Caso não haja uma saída "negociada", poderá haver uma intervenção na Oi.

O grupo defende não só os interesses dos bancos públicos como a continuidade da prestação do serviço. O colapso da Oi significaria a interrupção de serviços de outras empresas também.

Veja também

Brava recebe autorização da ANP para início de produção no FPSO Atlanta
AUTORIZAÇÃO

Brava recebe autorização da ANP para início de produção no FPSO Atlanta

BC diz que não há previsão de cerimônia de posse de Galípolo e novos diretores
CERIMÔNIA

BC diz que não há previsão de cerimônia de posse de Galípolo e novos diretores

Newsletter