Cresce o número de endividados em Pernambuco no mês de fevereiro
O percentual de 79,3% de endividados é o maior para os meses de fevereiro desde o início da série em 2010
Pelo segundo mês consecutivo, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) pernambucano apresentou alta. Em fevereiro, o percentual chegou a 79,3%, o que equivale a 409.271 famílias, com um aumento de 6.736 lares em um mês, ante 78,1% do mês de janeiro de 2021. Com relação ao mesmo mês de 2020, houve uma alta de 40.247 famílias. O resultado é o maior percentual de endividados para os meses de fevereiro desde 2010, quando a série da pesquisa foi iniciada.
“Já tinha uma expectativa de que o inicio de 2021 seria complicado, seria de restrição orçamentária, de queda na renda. A gente tem alguns acontecimentos que puxam esse endividamento para cima, como o fim do auxílio emergencial, que conseguiu injetar mais de R$16 bilhões aqui em Pernambuco e fez com que muita gente da extrema pobreza, vulneráveis e informais continuassem consumindo, devido a distribuição de renda de maneira direta. Temos o aumento de restrições com o pagamento de algumas despesas, como impostos, faturas mais altas, compra do material escolar. Temos também restrição na renda com o fim de contratos temporários e aumento do desemprego em relação a restruturação de equipe”, explica o economista da Fecomércio-PE, Rafael Ramos.
Leia também
• Governo reabre renegociação de dívidas com a União
• Endividamento de famílias cresce em janeiro e chega a 66,5%
• Inadimplência cai no fim de 2020 apesar de alta no endividamento
Para as famílias em uma situação mais crítica, que não tem mais condições de pagar as suas dívidas, os números chegam a 12,2%, o que corresponde a 62.771 mil famílias inadimplentes no mês de fevereiro. Este grupo apresentou o segundo crescimento, com alta mensal de 1.601. Em comparação com o mesmo mês em 2020, o percentual de famílias inadimplentes mostrou alta de 9.023 lares.
O cartão de crédito ainda é apontado como o maior causador de dívidas, atingindo 94% da população, ante 93.9% registrado em janeiro. Em seguida o endividamento com carnês é apontado, com 20,1%, ante 17,2% do mês anterior, o que já reflete as dificuldades para acesso a crédito mais barato. A maioria das famílias endividadas (57,4%) informam também que as dívidas comprometem entre 11% e 50% da renda. O comprometimento médio em janeiro de 2021 atingiu 28,9%. “As dívidas comprometem quase 30% da renda, isso também traz complicações, o principal tipo de dívida ainda é apontando a maioria o cartão de crédito, mostrando a fragilidade da educação financeira da população pernambucana”, ressalta o economista.
Para o mês de março, a expectativa é de que o percentual de endividamento das famílias pernambucanas continue elevado. “É esperado que esse nível extremamente elevado de 79% se mantenha no próximo mês. É um percentual considerado preocupante, porque as famílias estão no limite em termos de restrição orçamentária. Para o mês de março, com a aprovação do auxílio emergencial, a gente espera pelo menos uma manutenção em termos de elevação da questão do endividamento, não esperamos que cresça o endividamento, mas que ainda continue um patamar considerado alto”, finaliza Rafael.