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BRASIL

Crime na Barra afeta imagem do turismo no Rio, mas especialistas apontam saídas

Resolução rápida dos assassinatos, aumento do policiamento e ações promocionais são internacionalmente apontados como cruciais para reversão do prejuízo

Rio de Janeiro, a Cidade MaravilhosaRio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa - Foto: Mike Swigunski/Unsplash

É inegável o impacto no turismo de assassinatos brutais como os dos três ortopedistas que estavam no Rio para um congresso esta semana, concordam empresários, autoridades e especialistas do setor. O caso se soma aos tiroteios e a episódios recentes envolvendo visitantes nacionais e estrangeiros, como o de um chileno encontrado morto em Santa Teresa, em maio, complicando o desafio de descolar, internacionalmente, a imagem da cidade e do país da violência. Mas, segundo o trade turístico, há saídas para diminuir o prejuízo. E elas passam, inclusive, pela celeridade na solução do crime na Barra da Tijuca.

"Embora o turista frequentemente não seja a principal vítima direta da maior parte dos crimes registrados, o avanço da criminalidade em importantes polos turísticos nos últimos meses e a consequente queda na percepção de segurança por parte dos turistas, sem dúvida, prejudica o processo de recuperação do nível de atividade do setor. Estamos nos aproximando da alta temporada, e casos como os registrados no Rio e em Salvador, por exemplo, tendem a impactar ", diz o economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Para este último semestre de 2023, Alfredo Lopes, presidente do HotéisRIO, afirma que se estimava a ocupação da rede hoteleira entre 72% e 75%, acima dos 68% do mesmo período do ano passado. Essa expectativa, no entanto, já é posta em xeque, diz ele, induzida pela violência contra os médicos e ainda pelo adiamento, na quarta-feira, do envio da Força Nacional para o Rio.

"Vai depender. E a rapidez com que a polícia desvendar o motivo do crime pode influenciar. Não elimina a tragédia. Mas dá respostas à sociedade, demonstrando que houve uma investigação eficiente", diz Alfredo, ao destacar que é o mercado nacional, sobretudo de São Paulo e Minas, que lota a cidade.

O Visit Rio Convention Bureau é outra entidade a reforçar que as forças de segurança “devem agir com celeridade e rigor nas investigações para identificar, prender e punir os criminosos”. Lopes lembra que o Rio está em plena temporada de congressos, com cerca de dez deles agendados até o fim do ano, muitos na área médica.

Agora, confirmar a presença de quem pretendia viajar para esses eventos pode estar condicionado a uma melhora na percepção da segurança. Só na rede de hotéis Windsor, na Barra, onde ocorria o congresso do qual participavam os médicos que acabaram mortos, há também um encontro de fonoaudiologia esta semana, além de quatro eventos do tipo programados até novembro.

Reversão possível
Professor do Departamento de Turismo da Uerj, Vitor de Pieri diz, no entanto, que os assassinatos na Barra podem dificultar a captação de novos congressos e feiras. Mas ressalta que, seja no turismo de lazer ou negócios, a violência não é o principal fator que atrapalha a atração de visitantes, principalmente internacionais, para a cidade e o país.

"O grande problema continua sendo nossa distância dos países emissores do turismo, como Estados Unidos, China e os da União Europeia. O que aconteceu na Barra repercute internacionalmente. Mas o México, por exemplo, é um dos países mais violentos do mundo, em função do narcotráfico. E recebe nove vezes mais turistas internacionais do que o Brasil", diz ele.

A forma como é feita a promoção do destino mundo afora também é importante, afirma o professor, que avalia como eficazes ações recentes da Embratur. Ele cita o aumento da entrada de estrangeiros no país este ano: de janeiro a julho, 3,65 milhões, mais do que 2022 inteiro.

Para especialistas e representantes do mercado, a promoção contínua pode ser um antídoto contra revezes como o desta semana. Mas também são chaves o reforço no policiamento, o êxito de programas como o Segurança Presente (com uma das suas bases na Barra) e a manutenção na queda de índices como o de homicídios.

Nacionalmente, no ano passado o Ministério do Turismo lançou o programa Turismo Seguro, com 59 ações para contribuir com o posicionamento do Brasil como destino seguro. Entre as medidas estava a criação de um diagnóstico de segurança turística e de indicadores precisos sobre o tema, além do mapeamento de delegacias especializadas.

Já a Embratur ressalta pesquisas importantes que leva em conta a promoção internacional do Brasil e do Rio. Uma delas, feita pela Fecomércio RJ com turistas estrangeiros na área de embarque do Aeroporto do Galeão, em março deste ano, apontou que, para eles, a sujeira e o trânsito foram aspectos mais negativos do que a insegurança.

Outra pesquisa, da Mabrian Technologies, plataforma espanhola especializada em análise de dados de turismo, calculou o Índice de Percepção de Segurança (PSI) dos visitantes no país de maio a julho de 2023. E também sinalizou que é possível reverter estragos da violência na imagem nacional. Pelo levantamento, o Brasil apresentou consistência e crescimento na percepção de segurança, atingindo 96,7 pontos em julho, o que é classificado como “excelente”.

Entre as capitais pesquisadas, o Rio ficou atrás de Recife, Porto Alegre, São Paulo e Salvador. Alcançou 80,91 pontos, ainda assim, considerado “excelente”, por estar acima dos 74 pontos. No período, o maior valor alcançado pela Colômbia, por exemplo, foi de 80,1 pontos no indicador de satisfação.

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