Logo Folha de Pernambuco

tecnologia

Criptomoedas: Para especialistas, regulação traz avanços, mas precisa de ajustes

Análise é de que faltam ainda alguns mecanismos, como segregação de custódia, para aumentar segurança da operação

CriptomoedasCriptomoedas - Foto: Pixabay

A regulamentação de operações com criptomoedas, aprovada no fim da noite de terça-feira (29) pela Câmara dos Deputados, representa um avanço para um setor que passa por uma crise, mas ainda precisa de ajustes, apontam especialistas e agentes do setor. Ao dar mais segurança aos investidores, o marco regulatório pode estimular mais pessoas e empresas a investir em criptoativos, como a moeda digital bitcoin.

O projeto de lei já havia passado pelo Senado e agora vai à sanção presidencial. O texto determina que corretoras de criptoativos tenham registro empresarial e representação no Brasil — as empresas estrangeiras terão seis meses para se adequarem à regra. E estabelece que o Poder Executivo deverá designar ou criar um órgão regulador, que poderá ser o Banco Central do Brasil (BC) ou a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que regula o mercado de capitais.

Não há definição no governo atual, que termina em um mês, e o BC ainda não se manifestou. A CVM diz que “pode e deve ser o órgão responsável pela regulação dos criptoativos que se enquadrem como valores mobiliários”.

"Essa regulação é de uma importância vital. As corretoras que quebraram funcionavam de maneira desregulamentada, em paraísos fiscais. Agora, o Brasil está mostrando que não vai deixar isso acontecer aqui, em um passo à frente de muitos países desenvolvidos" diz o diretor executivo da Associação Brasileira em Criptoeconomia (Abcripto), Rodrigo Monteiro.

Segundo o Panorama setorial da criptoeconomia no Brasil, publicado pelo LCA Consultores este mês, havia 1.336.809 pessoas físicas e 12.053 empresas que investiam em criptomoedas no país em agosto. Cerca de R$ 317 bilhões foram transacionados em criptoativos em 2021, 33% em bitcoins.

Tipificação de estelionato
Embora veja o projeto como um avanço, Victor Jorge, sócio do escritório Jorge Advogados, aponta falhas estruturais como a falta da segregação de custódia dos ativos virtuais da corretora e dos clientes. Isso impediria corretoras de realizar operações próprias com recursos de clientes. Alexandre Ludolf, diretor de Investimentos da QR Asset Management, concorda:

"O mercado brasileiro ainda não tem uma regulação que mitigue essas práticas localmente. Arcabouços regulatórios no exterior como o do estado de Nova York, nos EUA, que obriga a segregação da custódia de clientes, oferecem mais proteção aos investidores."

O texto aprovado funde projetos da Câmara e do Senado e ganhou urgência após o colapso da corretora americana de criptomoedas FTX, segunda maior do mundo, e a proliferação de pirâmides financeiras envolvendo ativos digitais. O projeto incluiu novo tipo penal para estelionato com criptoativos, com pena de dois a seis anos e multa, e torna agravante o uso e moedas digitais em lavagem de dinheiro.

Veja também

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde
Bolsa de Nova York

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde

Câmera de segurança filma momento em que robô com IA convence outros a "deixarem seus empregos"
IA

Câmera de segurança filma momento em que robô com IA convence outros a "deixarem seus empregos"

Newsletter