Logo Folha de Pernambuco

MERCADO

Crise da Americanas: impacto sobre fornecedores de pequeno e médio porte pode ser maior

Empreendedores que negociam produtos pelo marketplace da varejistas temem não receber suas vendas e ainda redução no volume de negócios

Lojas AmericanasLojas Americanas - Foto: Mauro Pimentel / AFP

O futuro da Americanas também preocupa pequenos empreendedores, de fornecedores de menor porte que vendem diretamente para a empresa a negócios locais e familiares que usam o e-commerce da varejista como uma vitrine virtual de seus produtos com as facilidades de crédito que ela oferece.

A Americanas diz que sua operação está normal, mas Edson Takemoto, dono da loja de variedades Takemoto Foto e Papelaria, em Santo André (SP) teme atrasos no repasse dos pagamentos. Ele se surpreendeu com a crise financeira da varejista, em cujo marketplace anuncia desde o fim de 2020. Ele decidiu abrir uma frente on-line para enfrentar as restrições da pandemia e hoje tem na Americanas seu principal canal na internet:

— O fluxo dela representa mais ou menos 50% das vendas on-line que temos hoje, a visualização dentro do site deles é maior. Com esse novo cenário, a gente teme que eles possam atrasar pagamentos.

Rodrigo Mentz, diretor-geral da editora luso-brasileira Almedina, de médio porte, que atua no segmento de livros jurídicos e de ciências sociais, também reavalia as vendas pela Americanas, para quem vende diretamente. A varejista, que divide com a Amazon a liderança das vendas de livros na internet, responde por quase 5% do faturamento da editora.
 

— Esse cenário me preocupa porque temo ter menos um canal de vendas, que hoje é o principal concorrente da Amazon. Tem uma preocupação porque há um rombo enorme, a gente não sabe se vai entrar em recuperação judicial. Vou fornecer menos (para a Americanas), vou controlar o risco — diz Mentz, que já espera atraso no pagamento referente a produtos que já foram despachados para a companhia.

Todo mundo vai sofrer
André Pimentel, sócio da área de reestruturação financeira da Performa Partners avalia que a crise tem maior impacto sobre os pequenos que fornecem produtos a serem revendidos pela própria Americanas, por correrem maior risco em relação a faturas que são pagas em até três meses.

Pimentel observa que quem tem contas a receber pode ser afetado pela decisão cautelar obtida pela empresa na sexta-feira que suspende a execução de dívidas por 30 dias.

A desconfiança do consumidor é outro problema para fornecedores e para a própria Americanas, que pode deixar mais produtos nas prateleiras das lojas e centros de distribuição da varejista e levá-la a reduzir encomendas.

Daniel Dias, CEO da consultoria de comércio eletrônico ZDIAS.IO diz que um movimento esperado dos negócios que usam o marketplace de uma empresa em crise é migrar para concorrentes.

— Pode haver uma retração de consumo na Americanas, e a compra no canal estaria comprometida, do ponto de vista de competitividade, do lado do fornecedor.

Veja também

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde
Bolsa de Nova York

Wall Street fecha em alta com Dow Jones atingindo novo recorde

Câmera de segurança filma momento em que robô com IA convence outros a "deixarem seus empregos"
IA

Câmera de segurança filma momento em que robô com IA convence outros a "deixarem seus empregos"

Newsletter