Crise da Light afeta 33 mil investidores e fundos com 3 milhões de cotistas, diz gestor
Sócio da BeeCap, assessoria que representa grupo de debenturistas, alega que investidores contavam com proibição legal à recuperação judicial quando compraram os papeis
O pedido de recuperação judicial da holding que controla a Light pode afetar 33 mil investidores pessoas físicas que compraram diretamente títulos da empresa. Cláudio Brandão Silveira, sócio fundador da BeeCap, uma boutique de assessoria e investimentos que representa grupo importante de debenturistas, afirma que, além disso, há 26 fundos de crédito com cerca de 3 milhões de cotistas que tiveram perdas com a desvalorização dos títulos da empresa.
Em entrevista à Bloomberg concedida na véspera de a empresa entrar com o pedido de recuperação judicial, Brandão afirmou que a crise da Light é emblemática e já estaria afetando o crédito a outras empresas:
"Todo o financiamento de infraestrutura no Brasil está sendo afetado" disse.
Ele alega que a lei brasileira não permite que as distribuidoras de energia entrem com pedido de recuperação judicial, e os investidores contavam com isso quando investiram na subsidiária distribuidora da Light.
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Mas a empresa acabou recorrendo ao artifício de pedir a recuperação judicial da holding.
A Light tem cerca de R$ 11 bilhões em dívidas, sendo R$ 1 bilhão com bancos e cerca de R$ 3 bilhões com detentores de títulos internacionais. As debêntures somam R$ 7 bilhões. Fundos com cerca de R$ 5 bilhões dessa dívida são representados pela BeeCap, disse ele.
O ex-deputado federal Ronaldo Cezar Coelho é o maior acionista da Light, com 20% de participação. O bilionário Carlos Sicupira, sócio da 3G Capital e que também é um dos maiores acionistas da Americanas, detém cerca de 10% de participação na Light.