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Crise imobiliária: com dívida bilionária, gigante chinesa é alvo de petição para liquidar imóveis

Em meio a uma onda de falências no setor imobiliário na China, ações da empresa Country Garden caíram 11%

Gigante do mercado imobiliário, Country Garden é alvo de petição após dívida bilionária Gigante do mercado imobiliário, Country Garden é alvo de petição após dívida bilionária  - Foto: AFP

O superendividado grupo imobiliário chinês Country Garden anunciou nesta quarta-feira que uma petição de liquidação foi apresentada a um tribunal de Hong Kong, em meio a uma crise do setor na China. A empresa, uma das principais no país, registrou em junho uma dívida estimada em 191 bilhões de dólares, equivalente a aproximadamente R$ 950 bilhões. A petição foi apresentada por um credor, que pede uma indenização de aproximadamente R$ 1 milhão.

“A empresa se oporá vigorosamente ao pedido”, afirmou a Country Garden, em comunicado à Bolsa de Valores de Hong Kong, nesta quarta-feira. “A empresa pretende continuar a comunicar e a trabalhar proativamente com os seus credores internacionais no seu plano de reestruturação”, acrescenta o grupo, prometendo anunciar as condições aos acionistas o mais rapidamente possível.

Até junho, é estimado que a Country Garden tenha contraído dívidas de aproximadamente R$ 930 bilhões. O requerente, Ever Credit Limited, é um credor aprovado, uma subsidiária da Kingboard Holdings, uma empresa cotada em Hong Kong.

Em outubro passado, Kingboard revelou que a Country Garden não havia reembolsado R$ 950 milhões à Ever Credit, de um empréstimo de mais de R$ 1 bi. O preço das ações da Country Garden caiu 11% na quarta-feira, após a divulgação de informações sobre o endividamento.

Crise de gigantes
Um tribunal de Hong Kong decretou em janeiro a falência gigante do setor imobiliário chinês Evergrande, depois que a empresa não apresentou um plano convincente para a sua reestruturação. A companhia, que era a maior empresa do ramo na China, tem mais de US$ 300 bilhões em dívidas.
 

“(Considerando) a óbvia falta de progresso por parte da empresa na apresentação de uma proposta de reestruturação viável (...), considero apropriado que o tribunal emita uma ordem de falência", proferiu a juíza Linda Chan, do Tribunal Superior.

Ela lembrou que, numa audiência anterior, em dezembro, o tribunal “deixou muito claro que esperava ver uma proposta viável devidamente formulada”. Com a ordem, as ações da empresa caíram mais de 20% na Bolsa de Hong Kong e tiveram a negociação suspensa.

A decisão judicial será um teste para o alcance das decisões jurídicas de Hong Kong, já que a maior parte dos ativos da Evergrande fica na China continental.

A Justiça da ilha já decretou a falência de ao menos três incorporadoras imobiliárias desde que a crise do setor começou, em 2021. Mas nenhuma delas era uma operação complexa como será a da Evergrande, tanto em tamanho de ativos como em número de acionistas.

Segundo a Bloomberg, os procedimentos de Hong Kong relacionados a insolvência de empresas tem reconhecimento limitado na China. Pequim poderia, por exemplo, nomear administradores judiciais para o caso dentro de sua jurisdição.

— O mercado vai prestar acompanhar de perto o que os administradores farão depois de nomeados, especialmente se terão reconhecimento, após acordo firmado em China e Hong Kong em 2021. A falência terá poder muito limitado sobre os ativos na China continental se não tiver esse reconhecimento — disse Lance Jiang, sócia do escritório Ashurst para a área de reestruturação.

No ano passado, um credor chegou a entrar com o pedido de falência da Evergrande, mas o caso se arrastou enquanto os dois lados tentavam negociar um acordo e nenhuma decisão foi tomada. Os problemas enfrentados pela Evergrande tornaram-se um símbolo da crise imobiliária que a China atravessa há anos. O setor de construção e imobiliário já foi responsável por um quarto do PIB do país.

O Presidente Xi Jinping considerou o nível de endividamento da Evergrande e de outras empresas um risco inaceitável para o bem-estar econômico de Pequim.

Desde 2020, as autoridades limitaram o acesso das empresas imobiliárias a crédito, provocando uma onda de calotes.

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