Crise na Americanas: fornecedores já fazem contas do prejuízo
Desde terça-feira (17), ele disse que a varejista não tem respondido aos fornecedores nem quitado as faturas
Com a iminente entrada em recuperação judicial da Americanas, fornecedores dos mais variados setores já começam a fazer conta do tamanho do prejuízo. Isso porque a varejista não pagou compras feitas ainda em outubro para diversos setores.
O presidente de uma empresa de eletroeletrônicos diz que o valor a receber ultrapassa os R$ 700 milhões em uma lista que inclui eletroeletrônicos diversos, tanto vendidos pela varejista diretamente como através do marketplace, cujo o dinheiro é repassado ao fabricante em até 90 dias.
O CEO dessa companhia relatou que não recebe pedidos da Americanas desde quinta-feira passada, o que é incomum no histórico de relacionamento comercial entre as empresas. Desde terça-feira (17), ele disse que a varejista não tem respondido aos fornecedores nem quitado as faturas.
"Na quarta-feira, houve uma espécie de apagão", desabafa o executivo.
Leia também
• Americanas causa temor aos investidores estrangeiros em Davos
• Itaú e Bradesco pedem que Americanas só possam sacar recursos com autorização da Justiça
• Americanas: Aviso de possível recuperação judicial é xeque-mate na briga com bancos
Segundo uma outra fonte, o clima é de "pânico mesmo". Na hora que entrar em recuperação e o pedido for aceito, todos os pagamentos ficarão suspensos, explicou a fonte.
No segmento de alimentos, a situação é semelhante, mas o prazo de pagamento costuma ser concentrado em 60 dias. Um fabricante de panetone lembrou que somente metade do valor pendente foi pago. Ele acrescentou que a outra metade estava prevista para ser faturada semana que vem, mas já trabalha com a hipótese de atraso ou de ficar "sem previsão".
Um fabricante de chocolate destacou que cerca de 25% dos produtos da Páscoa já estão no estoque da empresa. Lembrou também que está revendo os planos para suspender sua participação no marketplace da rede varejista.
Destacou que a outra parcela da entrega prevista para o início de fevereiro já foi suspensa por causa das incertezas envolvendo a capacidade de pagamento da empresa.