Crítica ao Pix e demissões do Ipea: as polêmicas de Pochmann, indicado por Lula para o IBGE
Próximo ao presidente, economista que vai assumir o comando do instituto teve gestão no Ipea classificada de 'ideológica' por críticos
A confirmação do economista Márcio Pochmann para presidir o IBGE trouxe à tona polêmicas de que o economista foi alvo no passado. Pochmann é muito próximo ao PT e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi presidente do Ipea entre o fim do segundo mandato de Lula e o começo do primeiro de Dilma Rousseff. Críticos classificavam sua gestão como "intervencionista" e "ideológica".
A indicação do economista para o IBGE foi anunciada ontem pelo ministro da Comunicação Social, Paulo Pimenta, a revelia de Simone Tebet, ministra do Planejamento, pasta a que o IBGE é subordinado.
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Pochmann assumiu posicionamentos considerados polêmicos, como as críticas ao Pix, meio de pagamento instantâneo criado pelo Banco Central e lançado no governo Bolsonaro. Também defendeu tarifa de Imposto de Renda (IR) de 60% para os mais ricos. Veja abaixo alguns dos posicionamentos mais controversos do economista:
Críticas ao Pix
No dia 13 de outubro de 2020, o economista publicou no Twitter que, com o Pix, o Banco Central dava “mais um passo na via neocolonial”. “Na sequência vem a abertura financeira escancarada com o real digital e a sua conversibilidade ao dólar. Condição perfeita ao protetorado dos EUA”, escreveu.
Alíquota de IR de 60%
A alíquota de 60% no IR, Pochmann defendeu quando era presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em junho de 2008, durante uma apresentação na Comissão de Direitos Humanos do Senado, como registrou à época o jornal “O Estado de S.Paulo”.
A elevação do IR para os mais ricos viria numa Reforma Tributária. No trabalho apresentado no Senado, Pochmann previa 12 faixas de cobrança do IR. A alíquota de 60% seria para quem tem renda superior a R$ 50 mil mensais, em valores de 2008.
Demissões no Ipea
Quando foi presidente do Ipea, Pochmann demitiu dois grandes economistas, Regis Bonelli e Armando Castelar. Críticos dizem que ele os dispensou porque não se enquadravam na sua forma de pensar.
Além disso, dizem esses críticos, o ex-presidente do Ipea teria tentando dirigir o pensamento dos pesquisadores, por meio de escolhas de leituras e critérios de aprovação nos concursos.
Jornada de trabalho reduzida
A ideia de uma jornada de trabalho reduzida foi comentada por Pochmann em abril de 2007, antes de entrar para o governo, quando era professor do Instituto de Economia (IE) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Foi durante a apresentação de um trabalho encomendado pelo Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços e Terceiros, Colocação de Mão-de-obra, Trabalho Temporário, Leitura de Medidores e Entrega de Avisos do Estado de São Paulo (Sindeepres), como registrou o jornal “O Estado de S.Paulo” na época.
Conforme reportagem do jornal, Pochmann afirmou que os ganhos de produtividade obtidos pelo mundo do trabalho permitiriam que a jornada dos trabalhadores fosse de quatro horas por dia, em três dias por semana.
"Há singularidade do trabalho hoje: os ganhos de produtividade foram muito significativos e há condições técnicas para reduzir a jornada, sem comprometer o desempenho", disse o economista, durante a apresentação.
Quem é Márcio Pochmann?
Pochmann é formado em ciências econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e, em 1993, tornou-se doutor pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Em 2000, virou professor livre docente pela Unicamp e, em 2014, assumiu como titular da universidade. O político, que tem 61 anos, se aposentou na Unicamp em 2020, mas seguiu como professor colaborador.
O economista também publicou mais de 60 livros ligados à economia. Em 2002, venceu o prêmio Jabuti na categoria Economia, Administração, Negócios e Direito, com o livro A Década dos Mitos.