Cruzada de conservadores americanos contra diversidade já muda gestão em gigantes como Ford e Toyota
Pesquisa mostra que metade das empresas dos EUA mudou terminologia adotada em relatórios. Coca-Cola e Uber suavizaram referências. Companhias são alvo de ações na Justiça
As empresas americanas estão abandonando suas políticas pró-diversidade após meses de questionamentos legais, pressões de investidores ativistas e boicotes de consumidores incentivados por influencers conservadores.
Gigantes como Ford, Toyota e Harley Davidson já mudaram seus programas conhecidos nos EUA como DEI (sigla para diversidade, equidade e inclusão), criados para aumentar a presença de funcionários e executivos negros, latinos, mulheres e LGBGTs.
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Outras, como Best Buy, Johnson & Johnson, Coca-Cola e Uber retiraram ou suavizaram, nos seus relatórios corporativos, menções a critérios de diversidade em suas políticas de remuneração, para escapar do escrutínio da cruzada conservadora nos tribunais e nas redes sociais.
Agora, uma pesquisa divulgada pela Conference Board, entidade empresarial americana com mais de mil associados, constatou o tamanho desta mudança. Segundo a pesquisa, metade das empresas já ajustou suas terminologias para os programas de diversidade, e outras 20% consideram mudança semelhante.
Em muitos casos, as empresas estão removendo a expressão “equidade” das descrições, visto como o termo mais controverso, afirmou Andrew Jones, pesquisador sênior do Centro de ESG da Conference Board e coautor do estudo.
— As empresas estão tentando minimizar a exposição ao escrutínio, aos desafios legais, às reações negativas e às manchetes sensacionalistas — disse Jones em entrevista. — Estão mudando o foco, deixando de falar sobre grupos demográficos específicos, especialmente em relação à raça.
Em 2020, após o brutal assassinato por policiais de George Floyd, um americano negro, que levou a marchas contra o racismo pelo país inteiro, diversas empresas americanas aumentaram suas políticas de diversidade.
Mas, depois que a Suprema Corte dos EUA proibiu, em junho de 2023, políticas de ação afirmativa nas universidades americanas, várias empresas se viram alvo de processos na Justiça, abertos por ativistas conservadores, que argumentam que metas de contratação e programas de treinamento voltados a minorias discriminam os trabalhadores brancos.
A pesquisa da Conference Board, realizada por meio de entrevistas e via uma mesa-redonda de conversa com executivos, mostrou que mais de 60% dos entrevistados avaliam que a decisão da Suprema Corte teve impacto negativo nos seus esforços pró-diversidade corporativa.