SETOR SUCROENERGÉTICO

Centro de Tecnologia Canavieira investe em mais quatro polos de pesquisa no Nordeste

Com um dos maiores bancos de germoplasma de cana-de-açúcar do mundo que inclui mais de quatro mil variedades, a empresa tem três pilares de investimentos: melhoramento genético, biotecnologia e sementes artificiais

Barros: "O CTC foi a primeira empresa a ter uma cana-de-açúcar transgênica comercial"Barros: "O CTC foi a primeira empresa a ter uma cana-de-açúcar transgênica comercial" - Foto: Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), empresa de biotecnologia e inovação líder global da ciência da cana-de-açúcar, com sede em Piracicaba (SP), está ampliando investimentos no Nordeste no que diz respeito à Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Vai abrir quatro polos de pesquisa na região, dois em Pernambuco e outros dois em Alagoas, somando-se aos três já existentes (Paraíba, Alagoas e Bahia). A informação foi dada pelo CEO do CTC, César Barros, durante uma visita, nesta quarta-feira (22), à sede do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), no Recife.   

Com um dos maiores bancos de germoplasma de cana-de-açúcar do mundo que inclui mais de quatro mil variedades, o CTC tem três pilares de investimentos: melhoramento genético, biotecnologia e sementes artificiais. “Com a somatória dos benefícios dessas três plataformas, a gente acredita que é possível dobrar a produtividade do canavial brasileiro nos próximos 20 anos”, adiantou. O Brasil produz hoje aproximadamente 80 toneladas de cana-de-açúcar por hectare.

Segundo o executivo, a presença do CTC no Nordeste é pequena, mas a empresa possui um bom número de clientes que já utiliza as variedades do Centro. “Temos crescido bastante nos últimos três anos, principalmente nas áreas plantadas com as variedades do CTC. E, nos locais de pesquisa do CTC, temos clones promissores que vão virar variedades no futuro”, lembrou Barros.

Renato Cunha (C) ao lado de César Barros em reunião na sede do Sindaçúcar-PE      Foto: Divulgação

 

Pilares
Quanto ao melhoramento genético, o CTC cruza plantas, buscando exemplares cada vez mais produtivos. “Estamos observando ganhos de 3% a 4% todos os anos. Parece pouco, mas, para quem lida com melhoramento genético, ganhos de 1% ou 2% (por ano) já são muito significativos. Essa é uma linha de pesquisa importante e estamos colocando muito investimento de tecnologias modernas”, revelou.

Mapeamento genético, imagens de drones dos ensaios, Inteligência Artificial ((IA), que ajuda a juntar todos esses dados e auxilia os melhoristas a selecionar as variedades quando se planta um rol delas são algumas das tecnologias modernas às quais Barros se refere.

Na biotecnologia, linha de pesquisa em que a empresa é pioneira, os investimentos também são relevantes. “Consiste em fazer plantas transgênicas, que trouxeram um benefício enorme a culturas como milho, soja e algodão. Hoje, 90% ou mais das áreas plantadas com milho, soja e algodão são de transgênicos. Traz um benefício enorme no campo”, destacou.

Dentre os benefícios apontados pelo executivo estão a redução na aplicação de pesticida, facilitando o manejo e aumentando a produtividade. “O CTC foi a primeira empresa a ter uma cana-de-açúcar transgênica comercial. Lançamos em 2017. Ela controla a principal praga da cultura, a broca, que no Nordeste é talvez a mais importante. Essa nossa tecnologia suprime essa praga”, afirmou.

O CTC, ainda segundo Barros, está investindo em outras linhas de plantas transgênicas. Uma que está próxima de ser lançada conta com uma tecnologia combinada que, além de controlar a broca, ajuda no manejo das plantas daninhas. De acordo com ele, essas ervas invasoras, em Pernambuco, são um grande problema por parte das lavouras ficar em relevo acidentado. “Fazer o controle de plantas daninhas é muito complexo. Então, uma transgênica que facilite o manejo delas vai gerar um alto valor para os clientes daqui”, acrescentou.

Quanto às sementes artificiais, César Barros explica que há mais de 500 anos se planta cana-de-açúcar no Brasil, mas se desenvolveu poucas tecnologias nessa fase do cultivo. “Se corta o colmo da cana e se enterra para fazer o plantio de uma nova área. Obviamente, a cana que se acabou de plantar poderia estar gerando receita, indo para usina, produzindo açúcar e etanol. Sem falar numa série de ineficiências nesse processo”, disse.

César acrescenta que o CTC está otimista para conseguir lançar uma semente artificial que possibilitará  ao produtor adotar novas variedades de uma forma mais rápida, de uma lavoura muito mais sadia e que vai aumentar a produtividade do setor.

Melhores variedades
O executivo ressalta que metade da cana-de-açúcar produzida no mundo está no Brasil, o que faz com que o País se volte a descobrir as melhores variedades e a apostar em P&D para manter as expectativas do setor. “À medida que a gente lança novas variedades comerciais e os nossos clientes decidem plantá-las, eles nos pagam royalties por cada hectare que planta. Esses royalties são exatamente os recursos que a gente destina às pesquisas. No último ano, mais da metade da nossa receita foi destinada à Pesquisa e Desenvolvimento. Pouquíssimas empresas do Brasil investem essa magnitude”, afirmou.

Nos últimos dez anos, o CTC destinou cerca de R$ 2 bilhões em P&D para cana-de-açúcar. “Só na última safra investimos R$ 200 milhões. Isso representa um pouco mais de 50% do nosso faturamento. A gente investe pesado em Pesquisa e Desenvolvimento”, ressaltou.

No encontro com o CEO do CTC, o presidente do Sindaçúcar-PE, Renato Cunha, afirmou que "o setor sucroenergético no Nordeste vem incrementando seu potencial agrícola, atuando em irrigação, com sustentabilidade e com tecnologias voltadas a melhor a produtividade nas condições de clima e solos do ambiente de produção da região".

 

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