JULGAMENTO

CVM absolve Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, de acusação de insider trading

Em maio deste ano, o órgão já havia formado maioria pela inocência dos empresários

O empresário Joesley BatistaO empresário Joesley Batista - Foto: Lula Marques/AGPT

Os empresários Joesley e Wesley Batista, donos da J&F — controladora de empresas como JBS (de marcas como Seara e Friboi) e Eldorado Brasil —, foram absolvidos, nesta terça-feira (31), pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) da acusação de insider trading, uma prática que envolve o uso de informações privilegiadas para operar no mercado financeiro.

Desde maio a autarquia havia formado maioria pela absolvição dos irmãos, mas o processo havia sido interrompido por um pedido de vistas de um dos conselheiros.

Os empresários foram absolvidos nas três acusações de insider trading que tramitavam na CVM. Em uma delas a decisão foi por unanimidade e em duas por quatro votos a um.

Em agosto, a CVM já tinha aceitado um acordo R$ 12,7 milhões para encerrar um dos processos iniciados nas investigações sobre a forma como o frigorífico atuava no mercado de câmbio .

Em nota, a J&F Investimentos afirma que “a decisão desfaz uma injustiça, atesta o pleno funcionamento das instituições no Brasil e reafirma a integridade das operações dos executivos e empresas do grupo J&F no mercado financeiro”.

Entenda o caso
Os irmãos Batista foram acusados de crimes contra o mercado de capitais em processo que avaliava a negociação de ações da JBS em 2017. A J&F, de outro lado, poderia ser condenada a pagar uma multa de R$ 500 mil por ter comandado essa operação.

Na noite de 17 de maio daquele ano, o colunista do Globo Lauro Jardim revelou que Joesley havia gravado conversas revelando um esquema de pagamento de propinas envolvendo o então presidente Michel Temer.

O episódio foi o estopim de uma crise para o país, tendo resultado, no dia seguinte, em um tombo de 10% no Ibovespa, principal índice da Bolsa, com as ações da JBS despencando 9,68%, e puxando um salto na cotação do dólar.

O processo administrativo aberto pela CVM buscava entender se, no período que antecedeu o fechamento do acordo de delação, os irmãos Batistas e a J&F se valeram do uso de informação privilegiada para fazer uma operação de recompra de ações da JBS pela própria companhia, processo que se estendeu entre fevereiro e maio de 2017.

As acusações resultam do fato de que a primeira reunião de Joesley e Wesley Batista com a PGR ocorreu menos de um mês depois da decisão do board da JBS, em 2 de março de 2017. Entre os dias 22 e 27 houve a transferência das ações da JBS ao Itaú para que fossem vendidas. No dia 28 daquele mês, os irmãos assinaram o acordo de confidencialidade com a PGR.

No dia 7 de abril de 2017, eles prestaram depoimentos na PGR. Na sequência, a J&F iniciou a venda das ações da JBS, sendo compradas a partir do dia 24 pela JBS. Em 3 de maio daquele ano, os irmãos Batista assinaram o acordo de delação premiada. Duas semanas depois, o conteúdo das denúncias vazou pela imprensa.

No termo de acusação, a avaliação é de que a J&F (na época FB Participações, que era o veículo de controle da JBS) vendeu ações a um preço médio de R$ 10,27 entre os dias 20 de abril e 17 de maio de 2017. Depois que as denúncias se tonaram públicas, dia 18 de maio, o preço das ações caiu a R$ 8,26, evitando um potencial prejuízo de R$ 72,98 milhões.

Os empresários foram diretamente implicados na acusação porque a interpretação da acusação é de que as operações com as ações foram feitas enquanto os administradores da JBS e da J&F negociavam um acordo de delação premiada. Eles tinham a expectativa de que o acordo seria público a partir de junho ou julho de 2017.

Os advogados de defesa rebateram as acusações. Walfrido Jorge Warde Jr. destacou que os irmãos não poderiam prever que suas colaborações junto à PGR teriam impacto em índices econômicos e no preço das ações da JBS, nem quando suas colaborações seriam divulgadas. Já Eduardo Munhoz frisou que não houve uso de informação privilegiada nem manipulação de preço quando a companhia decidiu pela recompra das ações:

Foi também em março de 2017 a deflagração da operação Carne Fraca pela Polícia Federal, desmontando um esquema de irregularidades envolvendo grandes frigoríficos do país, incluindo o JBS.

Veja também

Como o Mickey 'paraguaio' se tornou um sucesso que nem a Disney conseguiu conter
NEGÓCIOS

Como o Mickey 'paraguaio' se tornou um sucesso que nem a Disney conseguiu conter

Bolsas da Europa avançam com expectativa de ciclo sustentado de afrouxamento pelo Fed
bolsa de valores

Bolsas da Europa avançam com expectativa de ciclo sustentado de afrouxamento pelo Fed

Newsletter