CVM aprova fundo brasileiro que investe em empresas de maconha
De acordo com o sócio fundador da Vitreo, George Wachsmann, a meta é captar R$ 100 milhões
Um novo fundo temático de cannabis foi aprovado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e passa a valer nesta terça-feira (29) para os investidores brasileiros. Primeiro no país, o Fundo Vitreo Canabidiol FIA IE é gerido pela Vitreo, uma fintech (empresa de tecnologia volta ao setor financeiro), e investirá em mais de 80 empresas internacionais voltada para a indústria de maconha.
De acordo com o sócio fundador da Vitreo, George Wachsmann, a meta é captar R$ 100 milhões. Ele reconhece, porém, que apesar de a cifra ser um bom parâmetro para o alvo de captação, existe uma série de variáveis que impedem um crescimento rápido e significativo nos aportes da carteira.
"Além de um perfil de risco mais alto e específico, o fator câmbio também é levado em consideração. O retorno, por exemplo, é uma combinação do rendimento nas variações do dólar e dos preços dos ativos lá fora. Não dá para esperar um crescimento absurdo por causa disso", explica o executivo.
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Nesse sentido, a chance de um cenário "céu de brigadeiro", onde o investidor ganha tanto pela variação cambial como pela valorização dos ativos no exterior, é de 25%. Ainda assim, o retorno líquido também fica a depender dos acontecimentos que influenciem na bolsa de valores norte-americana.
Para uma maior diversificação do porfólio, já se prevê que, inicialmente, pelo menos metade das aplicações da carteira sejam feitas em dois ETFs (da sigla em inglês, Exchange-Traded Funds), fundos negociados em bolsas de valores no exterior e com a temática de canabidiol. A outra metade será investida em ações de empresas norte-americanas e canadenses do setor.
"Um dos ETFs investe em 37 companhias voltadas para o setor e o outro, em 42. Somados aos investimentos diretos em ações que vamos fazer, são praticamente 80 papéis diferentes dentro do fundo", acrescenta o executivo da Vitreo.
O fundo é reservado apenas a investidores qualificados (que tenham pelo menos R$ 1 milhão em aplicações financeiras ou que possuam alguma das certificações validadas pela própria CVM) e possui prazo de resgate de 30 dias (no jargão do mercado, em D+30), tendo ainda de um a dois dias para a conversão das cotas em dinheiro (a chamada cotização). A recomendação de investimento para a carteira é de médio a longo prazo, com um mínimo sugerido de três anos.
A carteira possui aporte mínimo de R$ 5 mil, taxa de administração de 1,5% e cobra performance de 20% sobre o montante excedente ao S&P 500 TR (Total Return), índice calculado pela Standard & Poor's e que embute os dividendos pagos pelas empresas e que acompanha o mercado financeiro dos Estados Unidos pela Bolsa de Valores local, o S&P 500.
"É importante destacar que todo mercado disruptivo está sujeito a tempestades. E apesar de ser um mercado novo, ainda estamos falando de empresas com segmentos tradicionais, como a indústria farmacêutica e a agrícola, por exemplo. Os ciclos são longos, mas os feedbacks já têm sido positivos e o setor tem potencial de crescer", completa Wachsmann.