Arcabouço fiscal

De vinculação à inflação ao arcabouço fiscal, parlamentares desenham modelos para valor de emendas

Representantes do governo se reuniram nesta sexta, mas ainda estão em fase de análise técnica do tema

STFSTF - Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Depois do acordo no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as emendas parlamentares, integrantes do Legislativo e do Executivo têm se movimentado para definir as regras que vão nortear o espaço que esses gastos vão ocupar no orçamento público.

Entre os parlamentares, circulam ideias sobre criar um teto para o crescimento das emendas previstas na Constituição — as individuais e de bancada —, porém, sem reduzir o montante ao qual o Congresso tem direito atualmente. Representantes do governo se reuniram nesta sexta-feira, mas ainda estão em fase de análise técnica do tema, que é considerado sensível, e não pode dar margem para retrocessos.

A discussão responde a um comando da nota conjunta dos Três Poderes sobre as verbas controladas pelos parlamentares após o ministro do STF Flávio Dino suspender a execução das emendas impositivas (individuais e de bancada) devido à falta de transparência sobre a destinação dos recursos. Atualmente, essas verbas são calculadas com base em um percentual da Receita Corrente Líquida (RCL): 2% nas individuais e 1% nas de bancada.

Na reunião entre os Três Poderes, a Casa Civil colocou na mesa a preocupação sobre a vinculação atual dessas emendas, que podem crescer de forma desproporcional ao restante das verbas livres de forma a comprometer toda a capacidade de investimento do governo.

“Fica acordado que Executivo e Legislativo ajustarão o tema da vinculação das emendas parlamentares à receita corrente líquida, de modo a que elas não cresçam em proporção superior ao aumento do total das despesas discricionárias”, disse a nota conjunta.

A fórmula para essa trava, no entanto, ainda não foi divulgada e está sendo discutida em diversas instâncias.

Uma ideia, defendida pelo deputado Cláudio Cajado (PP-BA), que foi relator do arcabouço fiscal, é vincular o crescimento das emendas ao teto de 2,0 ou 2,5% acima da inflação.

"Não só emenda. RP2 (programação dos Ministérios) e até incluiria Fundo do Distrito Federal ", disse Cajado ao GLOBO.

O deputado é próximo ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mas disse que ainda não compartilhou sua ideia com os demais colegas e que a apresentará para o líder do seu partido na Casa, deputado Luizinho (PP-RJ), na próxima semana.

Outra linha que também circula entre os parlamentares é vincular o crescimento dessas emendas apenas à correção pela inflação, pelo IPCA. Em outra frente, parlamentares discutem ainda atrelar o montante das emendas a um percentual, ainda sem definição, do total das verbas discricionárias, o que afastaria o risco de a rubrica ser totalmente controlada pelo Congresso.

Qualquer uma dessas mudanças, porém, precisaria de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), o que precisa de aprovação de três quintos dos parlamentares (257 deputados e 41 senadores) em dois turnos. Isso porque o regramento dessas emendas está definido no artigo 166 da Constituição.

Pelo governo, aconteceu na manhã desta sexta-feira a primeira reunião para definir as regras e os critérios para as emendas após a decisão do STF. O grupo é coordenado pela Advocacia-Geral da União e conta com a participação da Casa Civil, da Secretaria de Relações Institucionais, Ministérios da Fazenda e do Planejamento.

Segundo um integrante da equipe econômica, as discussões estão em curso e ainda não se sabe o desfecho sobre as novas regras. Como o assunto é delicado, os técnicos querem ver primeiro as propostas no papel antes de fazer análises sobre o impacto no orçamento.

Em tese, a regra sugerida por Cajado garantiria o crescimento todo ano da parcela de emendas, hoje vinculadas à RCL, que pode ter flutuações negativas. Dessa forma, essas despesas poderiam comprometer ainda mais o restante dos gastos discricionários, parte do orçamento que não tem execução obrigatória e que são usadas para bancar investimentos e o custeio da máquina, por exemplo.

Isso seria evitado caso as emendas continuem vinculadas à RCL, mas limitadas pelo crescimento anual das discricionárias. Assim, a participação tenderia a se manter constante. As despesas discricionárias do governo já estão sob forte pressão devido ao aumento dos gastos obrigatórios, como benefícios previdenciários e folha de pagamento.

Recentemente, o Ministério da Fazenda tentou emplacar uma possível limitação às emendas e ao piso constitucional da saúde, também vinculada à RCL, no relatório do projeto da dívida dos estados. A ideia era tirar da conta receitas pontuais, como dividendos e royalties. Nesse caso, o bolo tenderia a ficar menor, reduzindo as verbas controladas pelos parlamentares e os investimentos mínimos em saúde. Mas a investida foi retirada do parecer antes da votação no plenário do Senado.

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