Déficit nas transações correntes em 12 meses supera 2% do PIB pela 1ª vez desde abril de 2023
Turistas estrangeiros já injetaram mais de R$ 30 bi na economia brasileira neste ano. Marca nos nove primeiros meses de 2024 é a melhor dos últimos 10 anos, de acordo com o BC
O déficit nas transações correntes do Brasil nos 12 meses até setembro ficou em US$ 45,8 bilhões, o equivalente a 2,07% do Produto Interno Bruto ( PIB). Segundo dados do Banco Central (BC), é a primeira vez, desde abril de 2023, que o resultado supera os 2% do PIB.
Fazem parte das transações correntes a balança comercial (exportações e importações), a balança de serviços (pagamento de juros da dívida externa, remessas de lucros e dividendos, viagens internacionais, transportes etc) e as transferências unilaterais (por exemplo, o envio de dinheiro de imigrantes brasileiros no Japão ou nos EUA para o Brasil).
O resultado negativo indica que estão saindo mais dólares que entrando no Brasil por essa conta, que costuma ser compensada pela entrada de capital estrangeiro para investimentos.
Leia também
• Projeção do Focus de alta do PIB de 2024 passa de 3,05% para 3,08%
• Conclusão de acordo com Mercosul elevaria PIB dos 2 blocos, diz dirigente da Comissão Europeia
• Conflito pode reduzir PIB do Líbano em 9,2% neste ano, diz ONU
O resultado das transações correntes vem piorando desde o início do ano. Em janeiro, o déficit acumulado em 12 meses estava em US$ 17,2 bilhões, ou 0,78% do PIB. Um mês depois, caiu para 0,75% do PIB e passou a subir mês a mês até setembro.
Os principais fatores para a elevação do déficit nas transações correntes foram a redução no superávit comercial e o crescimento no déficit da conta de serviços no ano, informou o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha.
Apesar dessa alta, o déficit em 2,07% está “um pouco abaixo” da norma para a economia brasileira que, segundo Rocha, seria em torno de 2,5% do PIB. Rocha ressaltou que o déficit continua completamente financiado pelos Investimentos Diretos no País (IDP), que somaram US$ 70,7 bilhões no acumulado de 12 meses até setembro, o equivalente a 3,2% do PIB.
Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, os ingressos de IDP continuam bastante superiores ao necessário para financiar o déficit corrente, por isso, ''a situação do setor externo da economia brasileira como um todo permanece bastante favorável".
Os dados divulgados nesta terça-feira pelo BC mostraram ainda que o investimento estrangeiro em renda fixa chegou a US$ 10,7 bilhões no acumulado de janeiro a setembro, superando o ingresso de todo 2023, que ficou em US$ 9,8 bilhões. Os dados consideram os títulos de dívida negociados no mercado doméstico.
Turismo bate recorde
Os turistas estrangeiros que desembarcaram no Brasil injetaram R$ 30,821 bilhões na economia do país nos nove primeiros meses — entre janeiro e setembro — deste ano, o melhor resultado para o período nos últimos dez anos, representando um crescimento de 25%.
Somente em setembro, os visitantes internacionais deixaram mais de R$ 3 bilhões no turismo nacional. Ministro do Turismo: ‘Teremos recorde de 7 milhões de visitantes estrangeiros’
“Estamos observando uma demanda crescente do interesse internacional em conhecer as belezas do Brasil. Isso mostra que temos um mercado econômico muito valioso para ser trabalhado, com ações e políticas públicas que promovam nossos atrativos turísticos lá fora”, afirmou o ministro do Turismo, Celso Sabino.
Nos nove primeiros meses do ano, cerca de 4,9 milhões de visitantes de fora pousaram em diferentes destinos nacionais.
Entre as ações do Ministério do Turismo para atrair mais turistas de fora para o país está o Programa de Aceleração do Turismo Internacional (PATI), que prevê parcerias público-privadas com companhias aéreas e aeroportos para ampliar o número de voos internacionais com destino ao Brasil. A ação conta com a Embratur como parceira.
"A Europa hoje vive o overturism, com esses viajantes querendo descobrir novos destinos, e o Brasil é ideal para atrair esse público, apresentando sua culinária, cultura e diversidades regionais, além de riquezas naturais que não existem em outros lugares do mundo ", destacou o ministro.