Delfim Netto: veja a repercussão da morte do economista
Aos 96 anos, Delfim Netto morreu nesta segunda-feira (12)
O ex-ministro da Fazenda, Antonio Delfim Netto, morreu nesta segunda-feira (12), aos 96 anos. Autoridades e colegas de profissão lamentaram a morte do economista e reverenciaram seu legado na construção de políticas econômicas no Brasil.
O atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, usou suas redes sociais para fazer uma pequena manifestação:
"O professor Antônio Delfim Netto merece respeito por ter se dedicado ao progresso econômico brasileiro. Meus sentimentos aos amigos e familiares", escreveu Haddad.
Debate
“Recebo com tristeza a informação sobre a morte do economista Delfim Netto. Fomos deputados no mesmo período histórico e estivemos na Comissão de Economia, espaço público em que havia um debate qualificado sobre as políticas de desenvolvimento nacional”, disse o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, em nota.
Mercadante ainda citou que, apesar das divergências políticas, Delfim teve compromisso com o crescimento da economia. “Apesar das divergências no próprio debate econômico, que tivemos ao longo da vida, ele sempre teve compromisso com a produção da economia. Mesmo tendo sido um ministro destacado do regime militar - liderou o chamado “milagre brasileiro” -, Delfim apoiou o governo Lula em momentos importantes e desafiadores”, frisou.
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Inspiração
O professor e economista, Jacildo Bezerra, destacou a importância de Delfim em dois eixos. “Primeiro, ele foi um ícone da profissão de economista no Brasil e uma referência para sua geração. Delfim orientou e influenciou várias gerações de economistas, muitos dos quais ocupam, hoje, cargos importantes no setor público”, disse.
O segundo eixo do legado de Delfim Netto é sua participação na história econômica do Brasil nas últimas décadas. “Ele desempenhou um papel crucial em vários governos. Sua atuação foi decisiva na formulação de políticas monetárias e fiscais que buscaram a estabilidade econômica e o crescimento do País”, completou o professor.
Para as novas gerações de economistas, o ex-ministro também foi referência. “Talvez ele tenha sido o economista mais escutado por todos os presidentes da República desde a década de 60 até hoje. Independente de que viés doutrinário e ideológico estivesse alinhado com esse chefe de Estado, Delfin sempre foi um homem ouvido. Ele teve também uma contribuição muito importante na conscientização do papel da política para a eficácia de uma medida econômica.”, relatou o professor e economista João Rogério Alves Filho.
O Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP) lamentou a morte do ex-ministro na véspera da comemoração do Dia do Economista. "Ele foi um grande baluarte da nossa categoria profissional, foi associado do Corecon-SP há mais de 60 anos, desde 1948. Uma questão constante em sua vida foi o amor ao conhecimento e a ajudar. Sua capacidade de análise e de pegar todos os detalhes de um determinado problema era impressionante", disse o presidente do Corecon, Pedro Afonso Gomes.
"Agora com quase 100 anos, Delfim Netto, vai descansar deixando um grande exemplo para nós. Nós, economistas, ficamos tristes com a notícia e lamentamos a perda desse grande representante da nossa classe”, compeltou Gomes em nota.
Legado
Delfim Netto foi uma figura central na economia brasileira durante a segunda metade do século XX e início do século XXI.
Formado em economia pela Universidade de São Paulo (USP), o economista rapidamente se destacou como um dos principais teóricos e práticos da economia no Brasil.
Sua carreira no serviço público começou a ganhar destaque durante os governos militares, quando ocupou cargos de extrema relevância, como Ministro da Fazenda, Ministro da Agricultura e Ministro do Planejamento.
No campo acadêmico, Delfim Netto também deixou seu legadod. Como professor na Universidade de São Paulo (USP), ele foi responsável pela formação de várias gerações de economistas e pela consolidação do curso de Economia na instituição.
Mesmo após deixar o serviço público, Delfim continuou a ser uma voz influente no debate econômico nacional, contribuindo como consultor e analista.