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Corte de gastos

Deputado próximo a Lula critica PT por assinar manifesto contra corte de gastos

Gleisi Hoffmann diz que partido não faltará ao presidente quando medidas forem anunciadas

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva Presidente Luiz Inácio Lula da Silva  - Foto: Ricardo Stuckert / PR

Amigo próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado estadual Emídio de Souza (SP) criticou nesta segunda-feira o fato de o PT ter assinado uma nota produzida por movimentos sociais com críticas ao ajuste fiscal que está sendo elaborado pelo governo federal.

Em um texto distribuído em grupos internos do partido e publicado em suas redes sociais, Emídio disse considerar normal que movimentos e legendas de esquerda endossem o texto.

“Já do PT, partido do presidente Lula e condutor principal da Frente que também assinou a nota , esperava- se outra postura. Nós não estamos no governo, nós somos o próprio governo. Não somos um movimento social, somos o partido político que dirige o país. Evidentemente que o partido pode e deve debater o governo, suas medidas e sua conduta e oferecer alternativas ao que não considera adequado,mas jamais num clima de confrontação e muito menos na mídia”, afirma Emídio.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse, por meio de sua assessoria, que o texto dos movimentos sociais não tem como alvo as medidas do governo e sim a pressão exercida pelo mercado e pela mídia para que ocorram os cortes.

Acrescenta também que a assinatura do partido foi referenciada por um nota de junho da executiva nacional do PT, que acusava “a mídia associada a seus interesses financeiros de fabricarem uma inexistente crise fiscal, num país em que a arrecadação vem crescendo junto com o PIB e as despesas públicas estão atreladas aos limites de uma programação rígida”.

Gleisi também alega que não há ainda conhecimento exato das medidas que estão sendo discutidas pelo governo e acrescenta que “quando Lula tomar a decisão o PT não lhe faltará”.

Em seu texto de ataque à posição do PT, Emídio reclamou de não ter havido uma discussão nas instâncias partidárias sobre a adesão ao documento.

“Não me consta que alguma instância de direção tenha feito uma discussão e firmado posição no sentido de assinar o documento dos movimentos sociais. Na primeira década do PT, muito se discutia sobre qual era o papel do movimento sindical e qual era o papel do partido. Mais de três décadas depois parece que essa discussão terá que ser refeita.”

Apesar de não ter sido escolhido para ocupar cargo no governo, Emídio tem interlocução frequente com Lula. Em 2022, o deputado estadual coordenou a campanha de Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda, ao governo de São Paulo.

Ex-líder da bancada do PT na Câmara, o deputado Zeca Dirceu (PR) apoiou o texto divulgado por Emídio.

"Emídio está correto. Fiz ponderação bem parecida, quando eu era líder, e alguém de forma isolada tentava falar em nome da bancada diferente do que pensava a maioria."

Para Emídio, o PT “não pode fazer de conta que não é governo”.

“A conjuntura atual e os estreitos limites em que o governo opera, com um Congresso hostil e uma amplíssima e frágil composição, desautoriza qualquer amadorismo. O PT não pode fazer de conta que não é governo e nem desconhecer os claros limites do orçamento público e do regramento constitucional e infraconstitucional que regem a receita e a despesa do governo”,

Ainda segundo o deputado, “não é razoável que nossos dirigentes propaguem que as medidas que ora são debatidas no governo, são desnecessárias ou que seriam apenas caprichos do mercado”.

“Não podemos dividir os petistas entre os que se apresentam como defensores dos direitos sociais ,e os que estão no governo e querem sacrificar esses direitos . Alguém acredita mesmo que Lula e Haddad se prestariam a esse papel? Não setores do PT , mas o PT inteiro é o partido das reformas, da inclusão social, da democracia , das conquistas, dos direitos do povo, do Brasil de todos”, disse.

Divulgado no domingo, o manifesto é assinado pela Frente Brasil Popular, do qual o PT faz parte. Também subscrevem o texto o MST, o MTST e a CUT e os partidos PT, PDT, PCdoB e PSOL.

“Temos acompanhado, com crescente preocupação, notícias e editoriais na mídia que têm o objetivo de constranger o governo federal a cortar “estruturalmente” recursos orçamentários e outras fontes de financiamento de políticas públicas voltadas para a saúde, a educação, os trabalhadores, aposentados e idosos, bem como os programas de investimento na infraestrutura para o crescimento do país”, afirma o manifesto.

O texto ainda diz que “o poder financeiro, os mercados e seus porta-vozes na mídia agitam o fantasma de uma inexistente crise fiscal”.

“Onde estavam esses críticos quando Bolsonaro e Guedes romperam os orçamentos públicos e a credibilidade do Brasil? Onde estavam quando a inflação caminhava para 12%? Agora querem cortar na carne da maioria do povo, avançando seu facão sobre conquistas históricas como o reajuste real do salário-mínimo e sua vinculação às aposentadorias e ao BPC, o seguro desemprego, os direitos do trabalhador sobre o FGTS, os pisos constitucionais da Saúde e da Educação”, afirma o manifesto.

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