Desigualdade de renda não cai em 2023, mesmo com crescimento do PIB e benefícios sociais
Ganhos no mercado de trabalho foram concentrados nos estratos sociais de maior rendimento
O índice de Gini - indicador que mede a desigualdade de renda, varia de zero a 1 e, quanto maior, pior - se manteve estacionado em 0,518 entre 2022 e 2023. Num ano em que a economia brasileira cresceu 3,2%, o desemprego caiu e houve uma expansão do pagamento de benefícios sociais, com a manutenção do valor do Bolsa Família - antes chamado Auxílio Brasil - em R$ 600, a desigualdade de renda no Brasil, que é uma das maiores do mundo, não recuou.
Segundo o IBGE, a estabilidade pode ser atribuída justamente ao crescimento da renda do trabalho impulsionada pelo mercado aquecido, que beneficiou principalmente os grupos com rendimentos mais elevados, já que eles dependem mais de salários. Ou seja, os ganhos do mercado de trabalho não foram apropriados pelos mais vulneráveis.
Por outro lado, os efeitos dos benefícios de programas sociais impediram um aumento da desigualdade.
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O IBGE estima que a desigualdade teria aumentado em 7,2% em 2023 sem os benefícios do governo. O índice de Gini, que mede essa disparidade, subiria de 0,548 para 0,555. As regiões Norte e Nordeste seriam as mais impactadas pela falta dos programas, com a desigualdade chegando a 12,9% e 16,8%, respectivamente.
O impacto seria menor nas regiões Sudeste e Sul. O índice de Gini subiria 4,2% e 3,7%, passando de 0,508 para 0,529 no Sudeste e de 0,454 para 0,471 no Sul.
Apesar de o índice de Gini estar em seu menor valor desde o início da série, em 2012, o Brasil continua a ser um dos países mais desiguais. Entre 22 nações, o Brasil é o segundo mais desigual - só perde para a Colômbia, com índice de 0,548. À exceção do vizinho latino-americano, nenhum chega à marca de 0,500. Entre os países com os menores índices de Gini estão Suécia e Irlanda, com valores próximos a 0,300.