Dia dos Solteiros vira um "esquenta" da Black Friday
Marcas asiáticas usam o 11/11 chinês para testar demanda com cupons, promoções e influenciadores
Data que já é tradição no varejo chinês, o Dia dos Solteiros não ousa dizer seu nome no Brasil. Aqui, foi substituído nas campanhas das gigantes do e-commerce asiático por um emblemático “11.11”, uma espécie de “esquenta” ou abre-alas da temporada de descontos da Black Friday. Para as empresas, é uma forma de descobrir quais produtos são irresistíveis ao clique e quais podem “desencalhar” das gôndolas.
Para dar match com o consumidor brasileiro, vale tudo: campanha com famosos, cupons, lives com ofertas e descontos em série. A Shopee, de Cingapura, compartilha cupons de até R$ 50 e descontos de até 40% em produtos diversos. A marca lançou um comercial na TV no qual a cantora Ludmilla faz uma paródia do hit “Cheguei”.
Um dos trechos afirma: “Tem frete grátis e cupom pra tropa toda. Shopee e Lud vão bombar seu dia”. No sábado, dia oficial da solteirice, a empresa terá cupons adicionais de frete grátis e mais R$ 10 milhões em vouchers.
Nas redes, a tropa de choque das promoções é formada por um time de mais de dez influenciadores, que inclui nomes como o da ex-BBB Viih Tube, distribuindo conteúdo com as principais promoções. Responsável pelo marketing da Shopee, Felipe Piringer conta que uma pesquisa interna da empresa mostra que a maior parte dos brasileiros pretende comprar celulares e acessórios eletrônicos em novembro. Além disso, os consumidores desejam gastar R$ 250, em média.
A chinesa Shein lançou campanha com descontos que crescem ao longo do mês à medida que a Black Friday se aproxima. No Dia dos Solteiros, os descontos somam R$ 11 milhões. E estão previstos mais R$ 11 milhões na sexta mais esperada do ano.
Leia também
• Qual data terá as melhores promoções: 11.11 ou Black Friday? Veja onde fazer boas compras
• Consumidores estão confiantes de encontrar preços baixos na Black Friday e nas roupas de fim de ano
• Debate sobre direitos do consumidor na Black Friday reúne representantes de órgãos e sociedade civil
O AliExpress, que pertence ao Alibaba, grupo que popularizou o Dia dos Solteiros na China, não fez por menos: invadiu a Avenida Paulista no dia 1º de novembro. Quando o relógio marcou 11h11, um celular gigante “surgiu” na rua para antecipar a campanha, mostrando diversos produtos em oferta na plataforma.
A instalação, divulgada no perfil do AliExpress Brasil e de influenciadores, faz parte de uma série de iniciativas para promover o festival de compras. Segundo a diretora da empresa, Briza Bueno, no 11 de novembro (hoje) acontece a maior campanha da plataforma, mais importante que a Black Friday:
— Vamos fazer o maior desconto da história do AliExpress no país. O 11.11 é quando teremos as melhores ofertas e os maiores investimentos em promoções, marketing e mídia, que se estendem por todo o mês.
Para entrar no clima, desde o início do mês, às 11h de cada dia, a marca ofereceu produtos por R$ 11,11. A previsão é de R$ 13 milhões em descontos, frete grátis e entrega rápida em dez dias de produtos selecionados.
Ela conta que os consumidores brasileiros confiam nas recomendações de influenciadores, por isso as campanhas da empresa trazem celebridades que melhor conversam com seus clientes.
O app Méliuz, que oferece cupons de desconto, terá cashback de 9% no AliExpress para assinantes do Méliuz Prime e de 7% para os demais usuários. Pegando carona na data e na esperança, o Tinder está com 5% de cashback em gift cards dos planos Plus e Gold, dentro do app até o 11/11.
A data é celebrada na China desde os anos 1990, mas ganhou peso para o comércio quando, em 2009, o Alibaba transformou a data em dia de compras anual, que movimenta bilhões de dólares.
Se aqui a expectativa é encontrar um dono para cada produto solitário, na China a data parece ter perdido um pouco o brilho. Pesquisa da consultoria Bain & Company mostra que mais de três quartos dos consumidores pretendem gastar menos este ano.
Para Roberto Kanter, economista e professor de MBAs da FGV, a perda de fôlego da economia chinesa pode ter afetado o afã para compras:
— Esse dia é uma grande festa na China. Lá é sobre entretenimento. O consumo é consequência.