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Diminui pessimismo do brasileiro com a economia, diz Datafolha

Na pesquisa de atual, o otimismo em relação ao país é mais forte entre os brasileiros mais ricos (39%)Na pesquisa de atual, o otimismo em relação ao país é mais forte entre os brasileiros mais ricos (39%) - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Depois de registrar um pico em um dos piores momentos da pandemia do novo coronavírus, o pessimismo dos brasileiros com a economia recuou em julho. Agora, pouco mais de um terço (35%) dizem acreditar que a situação do país deverá piorar nos próximos meses, segundo pesquisa Datafolha feita nos dias 7 e 8 de julho.

Na pesquisa anterior, realizada em março, esse percentual era de 65% -nível mais alto da série de pesquisas com essa pergunta, iniciada em 1997.

Na outra ponta, aumentou o percentual daqueles que dizem esperar uma melhora (de 11% para 30%). A parcela dos que afirmam que a situação deve se manter como está, por sua vez, passou de 22% para 32%.

Na pesquisa de atual, o otimismo em relação ao país é mais forte entre os brasileiros mais ricos (39%), os empresários (46%), os moradores das regiões Norte e Centro-Oeste (39%) e para aqueles que aprovam o governo do presidente Jair Bolsonaro (57%).

Em contrapartida, os moradores do Nordeste (44%), os que estão desempregados e buscam por recolocação (43%) e os que pretendem votar no ex-presidente Lula (46%) estão mais pessimistas do que otimistas.

Em entrevista recente para o jornal Folha de S.Paulo, o ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn também demonstrava otimismo com o avanço do programa de vacinação contra a Covid-19 e seus efeitos sobre a recuperação do país.

"A recuperação está vindo mesmo, temos uma previsão de crescimento de 5,5% para a economia deste ano e o indicador mais importante é o controle da pandemia, os calendários estão sendo antecipados, e isso permite que a recuperação continue".

Apesar do otimismo, o IBC-Br, indicador do Banco Central que mede o desempenho da atividade econômica, apontou queda de 0,43% em maio, na contramão das expectativas do mercado, que projetava uma alta de 1%, segundo analistas ouvidos pela Reuters.

O economista da UnB (Universidade de Brasília) José Luis Oreiro também lembra que o aumento de casos de Covid-19 pela variante delta no mundo precisa estar no radar. "Uma terceira onda de infecções tornaria necessário adotar novas medidas de distanciamento social, que teriam impacto na recuperação".

Refletindo sobre a própria situação financeira, 42% dos entrevistados se veem nos próximos meses na mesma condição de hoje (eram 47% em março). Para 38%, sua situação pessoal irá melhorar (antes, eram 14% os que pensavam assim); 17% esperam uma piora agora, ante 38% na pesquisa anterior.

No grupo dos brasileiros mais pobres, com rendimento mensal familiar de até dois salários mínimos (ou R$ 2.200), 22% avaliam que sua situação financeira vai ficar pior. Para os de renda acima de dez mínimos, 38% dizem esperar uma melhora.

Isso se deu pois a crise não foi sentida da mesma forma por todas as famílias brasileiras. Somada ao aumento da inflação, que pesa ainda mais sobre os mais vulneráveis, a pandemia empurrou milhões de pessoas para a pobreza e ressaltou a desigualdade.

O aumento da inflação é um dos pontos que mais preocupam os brasileiros. No Datafolha, 68% dos respondentes avaliam que a alta de preços deve pesar ainda mais no bolso nos próximos meses (eram 77% em março). Para 19%, a inflação deve ficar como está, e apenas 8% imaginam uma melhora nos indicadores. Outros 5% não souberam dizer.

Impactado pela energia elétrica, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) avançou 0,53% em junho, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 12 meses, o índice chegou a 8,35%, distante do teto da meta (de 5,25%).

Na última quarta-feira (14), o governo também elevou a estimativa de inflação medida pelo IPCA de 5,05% para 5,9%. Segundo o Ministério da Economia, a inflação de serviços ainda permanece baixa, o que tem ajudado a limitar a escalada de preços, mas o setor deve ter um aquecimento em breve, com o avanço no número de brasileiros vacinados.

O economista Fabio Romão, da LCA Consultores, destaca que além dessa alta de monitorados, os preços industriais e de serviços devem contribuir para que o IPCA suba este ano.

"A alimentação no domicílio teve alta de 18,2% no ano passado. Este ano, o aumento deve ser de 5,5%. Não é pouco, se for considerada a base de comparação, mas temos agora uma alta moderada, diz Romão.

Com a crise hídrica, ele avalia que a energia elétrica é o item mais preocupante neste segundo semestre. Por causa do aumento da bandeira vermelha-2, a mais cara, haverá uma pressão nos preços, e o mais provável é que a bandeira vermelha continue até o fim do ano".

Desta forma, 35% dos brasileiros dizem acreditar que o poder de compra de seus salários deve diminuir, 40% não imaginam uma mudança, apenas 19% esperam um aumento e os demais não souberam responder.

Outro fator de preocupação dos brasileiros é com a demora na recuperação do mercado de trabalho. Segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, a taxa de desemprego ficou em 14,7% no trimestre encerrado em abril.
Pelo Datafolha, 52% dos brasileiros esperam por um aumento da taxa de desocupação (em março, eram 79%), para 27% o desemprego irá seguir como está, 18% esperam uma redução da taxa e 3% não sabem.

A pesquisa Datafolha entrevistou 2.074 pessoas em todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

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