moedas globais

Dólar sobe 1,90% com aversão a risco no exterior e cautela fiscal

O real sofreu com o ambiente externo de aversão ao risco, marcado por tombo das bolsas em Nova York

DólarDólar - Foto: Canva/Reprodução

O dólar disparou na sessão desta quinta-feira, 18, e não apenas rompeu o teto de R$ 5,55 como atingiu o maior valor de fechamento desde o último dia 2.

O real sofreu com o ambiente externo de aversão ao risco, marcado por tombo das bolsas em Nova York e busca global pela moeda americana, que se fortaleceu, sobretudo, em relação a divisas emergentes latino-americanas.

Ao quadro adverso lá fora somou-se o clima de cautela diante da expectativa pelo anúncio do bloqueio do orçamento no próximo dia 22, que pode ser definido em reunião hoje entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e Rui Costa (Casa Civil).

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O desenlace do encontro pode marcar o vencedor da queda de braço entre a ala política do Planalto e a equipe econômica, fiadora do arcabouço fiscal.

Em alta desde a primeira etapa de negócios, o dólar acelerou os ganhos ao longo da tarde e tocou máxima a R$ 5,5896, em momento de perdas mais agudas de pares e em meio a rumores sobre a magnitude do bloqueio no Orçamento.

No fim da sessão, a divisa era negociada a R$ 5,5881, alta de 1,90%, o que levou os ganhos na semana a 2,89%.

Apesar dos ruídos fiscais locais, o real teve em geral perdas similares ao do peso mexicano. Quem mais sofreu foi o peso chileno, em razão do tombo das cotações do cobre.

Houve certa frustração com a ausência de medidas de estímulos econômico na China, após encerramento hoje de reunião plenária do Partido Comunista chinês.

O diretor de investimentos da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig, não identifica um gatilho específico para a onda de aversão ao risco, mas menciona os temores de aumento do protecionismo americano, com elevação de tarifas a produtos chineses em eventual novo governo de Donald Trump, e receio com resultados de empresas de tecnologia nos Estados Unidos.

"Esse clima prejudica divisas emergentes. O protecionismo nos EUA significa dólar mais forte no mundo. O real também sofre um pouco com a dinâmica recente ruim de preços de commodities como a soja", afirma Jolig, acrescentando que, em tese, a consolidação da aposta de que o Federal Reserve vai começar a cortar juros em setembro deveria reduzir a pressão sobre divisas emergentes.

"Mas estamos vendo muitos ruídos com a questão eleitoral americana e uma realização forte das bolsas em Nova York".

No fim da tarde, aumentaram os rumores de que o atual presidente dos EUA, Joe Biden, candidato à reeleição pelo partido democrata, pode deixar a corrida presidencial. Biden se recupera de um quadro de Covid-19, anunciado ontem.

Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY operou em alta firme e rondava os 104,200 pontos no fim da tarde, com o iene devolvendo parte dos ganhos de ontem.

O euro recuou mesmo após o Banco Central Europeu (BCE), que em junho reduziu os juros sem 25 pontos-base, hoje anunciar manutenção das taxas e reforçar que seguirá com política monetária restritiva.

Os retornos dos Treasuries voltaram a subir e renovaram máxima à tarde, com a T-note de 10 anos voltando a tocar 4,20%.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, ressalta que a "rigidez" da taxa de câmbio em níveis elevados, com o dólar aproximando-se novamente de R$ 5,60, é reforçada pelos problemas locais, como a desconfiança em relação ao cumprimento das metas fiscais e a permanente desancoragem das expectativas de inflação

"O governo não tem capacidade de sustentar as metas. E mesmo que elas forem cumpridas, haverá expansão fiscal, porque os ganhos com ajuda ao Rio Grande do Sul não são contabilizados no resultado primário", diz Velho, para quem o governo deveria anunciar, no mínimo, um bloqueio R$ 30 bilhões para tentar recuperar parte da credibilidade da política fiscal.

Levantamento de Projeções Broadcast mostra que a mediana do mercado vê um congelamento de R$ 12 bilhões no Orçamento federal no relatório bimestral de julho.

As estimativas de 15 casas consultadas variam de R$ 10,0 bilhões a R$ 25 bilhões. A mediana das estimativas para um congelamento que o governo consiga cumprir o novo arcabouço fiscal é de R$ 26,4 bilhões.
 

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